Fernando Rodrigues
“Você um dia vai ser presidente da República”. Essa era a frase mais ouvida por Eduardo Campos em anos recentes. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fazia parte do grupo que dizia isso ao político pernambucano.
A morte de Eduardo Henrique Accioly Campos neste 13 de agosto de 2014 interrompe um ciclo de renovação nos quadros da política nacional. Ele acabara de completar 49 anos, no último dia 10 de agosto. Não há outro político jovem fora do PT e do PSDB que já tenha construído uma carreira tão robusta como era a de Eduardo Campos.
Vários tentaram nos últimos anos furar o bloqueio formado por PT e PSDB na política nacional desde 1994. Ninguém teve sucesso. “Eu vou ganhar essa eleição. O povo está cansado dessa polarização”, dizia ele nas diversas conversas reservadas que tivemos a respeito da sucessão neste ano de 2014.
Diferentemente de Ciro Gomes, de Anthony Garotinho e de outros que tentaram romper o revezamento de PT e PSDB no poder central, Eduardo Campos estava construindo uma carreira mais estruturada, sempre no mesmo partido e sem procurar atalhos. Ele também atuava, de maneira inequívoca, no espectro da centro-esquerda –que era por onde acreditava que a maioria dos eleitores brasileiros um dia vai procurar a saída para a polarização tucano-petista.
Depois de atuar na política estadual, Eduardo Campos passou um período no Congresso Nacional. Foi governador de Pernambuco por 8 anos. Seu partido, o PSB, tornou-se mais robusto em cada uma das últimas eleições.
Após oficializar sua candidatura ao Planalto, a taxa de intenção de votos do pessebista permaneceu empacada abaixo de 10%. Ele dizia já esperar por isso.
“Em 2006 eu concorri a governador com pouquíssimo tempo de TV, contra a vontade do Lula, do PT. E ganhei”, disse ele em uma análise reservada em 11 de setembro de 2012, quando já estava decidido a disputar o Planalto agora.
É cedo para analisar politicamente, de maneira precisa, um fato dessa magnitude neste primeiro momento. Trata-se de uma tragédia com impacto em muitos níveis.
O desaparecimento de Campos, além do imensa dor que deixa entre seus amigos e família, abre um vácuo na política nacional.
Blog do Fernando Rodrigues
Leave a Reply