Farra com verba pública

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Marcelo Nilo torra R$ 295 mil em aluguel de avião executivo para fazer política com dinheiro da Assembléia (Município de Euclides da Cunha no roteiro)

O PRESIDENTE DA Assembléia Legislativa, Marcelo Nilo, é conhecido entre seus pares por ter “bom coração”. Gosta de atender a pedidos de correligionários, resolver pequenos problemas administrativos, passar a mão na cabeça dos excessos cometidos pelos colegas, arquivar ou desprezar denúncias contra deputados aliados. Não é à toa que ele, até hoje, não aprovou a criação de um conselho ou código de ética na Casa. O que não é de conhecimento público é que o presidente da Assembléia costuma torrar o dinheiro da Casa com viagens eleitoreiras ou para presentear amigos e aliados com aluguéis de aviões executivos às custas do suado dinheiro do contribuinte.

O Jornal da Metrópole teve acesso às notas fiscais emitidas pela empresa Abaeté Aerotáxi, comandada pelo empresário Jorge Melo. Os documentos revelam como Marcelo Nilo não separa o público do privado. São notas datadas de junho a outubro de 2008 e que somam a “bagatela” de R$ 295 mil. Não por acaso, o deputado foi reeleito presidente da AL este ano em função do “bom coração”, algo reconhecido pelo próprio governador Jaques Wagner, de quem Nilo é fiel “pitbull”.

Todas as 24 notas foram emitidas pela empresa aérea em nome da Assembleia Legislativa da Bahia. Portanto, é impossível saber quem se beneficiou da prática de traficar influência adotada, há muito tempo, pelo presidente da Casa. As notas contêm apenas o itinerário das viagens e o modelo das aeronaves. Ou seja, é uma verdadeira “caixa-preta”. Aliás, mais uma sob a batuta de Marcelo Nilo.

Itinerários diversificados
Há casos de viagens que ocorreram na mesma data. No dia 26/6, por exemplo, foram emitidas três notas. A primeira com o itinerário Salvador/Buritirama/Barreiras; a segunda para Salvador/Itaberaba/Lençóis/Souto Soares/Lençóis/Salvador; e a terceira, Barreiras/Cipó/Salvador. Os valores das três notas giram na casa dos R$ 12 mil, cada.

No dia 12/8, há outras três notas emitidas no mesmo dia, em itinerários que vão de Salvador e passam por Ilhéus, Porto Seguro, Teixeira de Freitas, Mucuri (duas vezes), Cocos e até Aracruz, no Espírito Santo. Os valores variam de R$ 13,9 mil a R$ 16,5 mil. Mais uma vez, nenhum sinal de quem tenha viajado às custas da Assembleia.

Entre os outros destinos que aparecem nas notas fiscais, estão Ibotirama, Itapetinga, Vitória da Conquisa, Irecê, Jequié, Bruma¬do, Maracás, Valença, Correntina, Casa Nova e Paulo Afonso. Alguns dos itinerários incluem municípios onde Marcelo Nilo tem ou busca estabelecer redutos eleitorais, como Iramaia e Euclides da Cunha. Entretanto, o presidente da Asssembleia, tirando proveito do cargo e da influência que exerce junto ao governador Jaques Wagner, tem ampliado muito as suas bases.

O Jornal da Metrópole, na edição de 24/4, denunciou a existência de outra caixa-preta na Assembléia, mostrando que o hábito de aproveitar cotas de passagens para promover farra com dinheiro público não era “privilégio” da Câmara Federal. No Legislativo baiano, com a conivência de Marcelo Nilo, parlamentares de todos os partidos “torraram” milhões em diárias para encher o bolso todos os meses, com supostas viagens que sequer foram comprovadas.

Um relatório de auditoria do TCE, elaborado em 2007, primeiro ano de Nilo como presidente da AL, constatou que 62 dos 63 deputados haviam incorporado aos vencimentos mensais R$ 5.560 em diárias. A exceção foi a deputada Maria Luiza Carneiro (PMDB). Apenas no primeiro semestre de 2007, segundo a auditoria do TCE, a Assembléia desembolsou R$ 2,074 milhões em diárias aos deputados.

Fonte: Jornaldametropole.com.br

 

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