Responsável pela investigação do Ministério Público Estadual que apura indícios de desvios de programas habitacionais por meio da ONG Instituto Brasil, a promotora Rita Tourinho vai expedir hoje notificação para ouvir a presidente da entidade, Dalva Sele Paiva. Autora das denúncias contra políticos do PT baiano, publicadas na revista Veja desta semana, Dalva acusa o candidato do partido ao governo, Rui Costa, o senador Walter Pinheiro e os deputados Nelson Pellegrino e Afonso Florence de terem recebido “mesadas” ou recursos provenientes do esquema para bancar campanhas no estado.
“Além dela, vou notificar também outras pessoas citadas na reportagem pela senhora Dalva Sele. O objetivo é saber quais provas ela possui e confirmar também o teor do que foi publicado”, afirmou. A promotora, no entanto, adiantou ao CORREIO que ainda não há elementos para convocar os políticos acusados pela presidente da ONG. Fora a investigação aberta em 2010 para apurar suspeitas de desvios de R$ 6 milhões do Fundo de Combate à Pobreza, verba destinada à construção de casas populares no interior, Rita Tourinho confirmou que há outro procedimento em curso contra o Instituto Brasil.
Segundo a Veja, com base nas informações fornecidas por Dalva Sele à revista, o esquema teve origem em 2008. Naquele ano, o Instituto Brasil recebeu R$ 17,9 milhões do governo do estado para construir 1.120 casas populares, todas destinadas a famílias de baixa renda. A denunciante disse que, desse dinheiro, foram desviados aproximadamente R$ 6 milhões. Os recursos, ainda segundo a presidente da ONG, foram usados pelo PT para a campanha de 12 prefeitos, através de caixa 2. Ela cita, entre os supostos beneficiários, o atual senador Walter Pinheiro, que concorreu à prefeitura de Salvador em 2008. Para ele, acusou Dalva, foram repassados cerca de R$ 260 mil.
“Com os recursos de convênios para a construção de casas populares, a gente empregava as pessoas do PT, dava apoio aos militantes que estivessem passando por dificuldades e alimentava as campanhas”, contou Dalva à revista. Ela disse ainda que o esquema teria funcionado por quase uma década com dinheiro desviado de “projetos sociais” das administrações petistas.(Correio)
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