Por: Leonardo Souza – Folha:
Em entrevista à Folha nesta segunda (13), o governador da Bahia, Jaques Wagner, disse que o tema da corrupção “é rejeitado” pela população e que ninguém ganha eleição dizendo “sou honesto”, “até porque ninguém acredita”.
A frase de Wagner banaliza a corrupção, como se fosse algo cultural do Brasil, contra o qual não deveríamos nos revoltar. É uma forma de pasteurizar todos os políticos, de dizer que os sucessivos casos de corrupção que marcaram (e marcam) os governos do PT são nada mais do que manifestação natural do nosso país.
Já a presidente-candidata Dilma Roussef vai num caminho tortuoso diferente do de Wagner. Afirma Dilma que os escândalos vieram à tona nos últimos anos porque nas gestões do PT os órgãos de fiscalização, investigação e controle têm liberdade e são incentivados a cumprir o seu papel. Tal afirmação talvez se encaixe no governo Lula, mas certamente não na administração Dilma Rousseff.
No governo Lula, a Polícia Federal recebeu investimentos e cresceu. Em seu governo, a Corregedoria-Geral da União foi rebatizada de Controladoria Geral da União e aprimorada ao longo de seus dois mandatos. No governo de Dilma, os dois órgãos têm sofrido cortes drásticos. Com o menor orçamento dos últimos quatro anos, a CGU diminuiu bastante as ações de combate ao desvio de recursos públicos, sobretudo no interior do país.
Os delegados da PF também têm sido alvo de cerceamento. No ano passado, por decisão do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), um novo procedimento passou a ser exigido dos delegados. Desde então eles são obrigados a informar a seus superiores se suas operações envolvem “pessoas politicamente expostas”. A quem interessa saber se políticos estão sendo investigados e com que finalidade? No governo Lula, não havia essa regra.
O governo de Dilma fez de tudo para sepultar duas Comissões Parlamentares de Inquérito, a do bicheiro Carlinhos Cachoeira e a que atualmente apura os desvios na Petrobras.
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