Por: João de Tidinha
O que derruba governo é economia ruim. Fernando Henrique Cardoso (PSDB) governou o País por oito anos. Ao término do seu primeiro mandato, a inflação estava controlada e o real consolidado como moeda estável. O País experimentava uma nova fase de estabilidade econômica. As urnas então aprovaram as conquistas obtidas e lhe deram mais quatro anos. No seu segundo mandato a economia já não respondeu positivamente, registrando-se nesse período a crise do racionamento de energia elétrica e o desaquecimento da economia mundial, que veio refletir internamente em um crescimento negativo no País. Resultado, o candidato do seu partido indicado para sucedê-lo, José Serra, perdeu para Luiz Inácio Lula da Silva. Lula, este por visão, ou por inteligência não alterou os pressupostos econômicos, mantendo inclusive a base técnica do Banco Central, não cedendo às pressões dos companheiros para mexer na economia.
O seu primeiro mandato (2003/2006) foi cercado de sobressaltos (escândalo do mensalão, dinheiro na cueca e tantos outros). Algumas estrelas do PT estão hoje na cadeia por estes fatos. Mas Lula sobreviveu e ainda por cima conseguiu derrotar o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin em segundo turno nas eleições de 2006, renovando também o seu nome para um segundo mandato (2007/2010).
A fórmula aplicada por Lula para chegar ao final do segundo mandato com a popularidade em alta, atingindo níveis nunca antes observados neste país (79%) e eleger o seu sucessor, a candidata Dilma Rousseff (2011/2014), assim como governadores, senadores e deputados, todos do time de Lula e Dilma, não foi senão os indicadores da economia em crescimento, inflação baixa combinada com um sistema gigantesco de transferência de renda para uma camada da população através do bolsa família. O bolsa família veio beneficiar, um grande contingente da população brasileira que viviam abaixo da linha da pobreza (renda familiar abaixo de meio salário mínimo) contribuindo para uma melhor distribuição de renda e diminuindo as desigualdades sociais do País.
A Classe média com a economia crescendo, novos empregos surgindo, crédito farto, acesso a bens de consumo duráveis financiados a perder de vista, não tinha nenhuma motivação para mudar nada, nem tão pouco a classe empresarial produzindo e vendendo como nunca até em função dessa grande oferta de crédito.
Em 2014, novas eleições. O time de Lula e Dilma, venceu novamente. A presidenta Dilma Rousseff, foi reeleita para um mandato de mais 4 anos (2015/2018) com 51,64% dos votos validos, contra 48,36% do candidato derrotado Aécio Neves do PSDB. Por essa pequena diferença, vê-se que a aprovação dos governos do PT, já não era absoluta.
As reformas e correções que o Brasil necessitava para estancar o processo de deterioração da economia brasileira e impedir o país de ficar à margem do desenvolvimento mundial, não foram feitas. O modelo de consumo irresponsável esgotou-se, como era previsto.
O período correspondente ao segundo mandato de Dilma Rousseff foi marcado por uma grave crise econômica no país, com a maior queda do PIB desde 1930-1931 e o PIB per capita encolhendo mais de 9% entre 2014 e 2016.
A população, através de manifestações, principalmente da classe média, pede “Fora Dilma, Fora PT”.
Em 31 de agosto de 2016, termina com seu impeachment o seu governo para qual foi eleita para o período 2015/2018, tomando posse o seu vice Michael Temer do PMDB. Fecha-se um ciclo dos governos do PT.
A partir daí, os fatos são muitos recentes do conturbado governo do presidente Michael Temer que já é de conhecimento de todos.
A máxima “O que derruba governo é economia ruim” parece-me que tende a se confirmar. Neste governo do presidente Jair Bolsonaro, no primeiro ano do seu mandato (2019) o crescimento do PIB foi de apenas 1,1%. Um pibinho como dizem os críticos.
A Projeção do PIB para 2020 era de 2,2%. Recentemente, o Fundo Monetário Internacional- FMI divulgou que o Brasil encolherá 5,3% e desemprego chegará a 14,7% neste ano. A queda é consequência dos impactos econômicos negativos da pandemia do coronavírus e não atinge apenas o Brasil: a previsão é que a economia mundial caia 3%, ante avanço de 3,3% na projeção anterior. Será a maior recessão desde a Grande Depressão, em 1930.
As consequências serão desastrosas, como de fato já está a acontecer. A médio prazo, dificilmente o País se recupera de um baque como este. Neste contexto, apesar da crise ser mundial, nenhum governo se sustenta em um quadro de dificuldades. Otimismo ou pessimismo nascem no bolso e da qualidade de vida, dali se multiplica até chegar ao dedo que tecla “confirma” na urna eletrônica.
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