Ninguém é ético por decreto ou lei. O ser humano é ético porque tem virtudes e valores humanos que definem o seu caráter. Por isso, a ética é uma questão prática, que só pode ser percebida quando a pessoa é posta à prova”. As considerações foram apresentadas pelo professor doutor em Filosofia, Elton Leite de Souza, na manhã de hoje, dia 15, durante a primeira aula ministrada em 2010 para os alunos da II turma do Curso de Especialização em Direitos Humanos, Segurança Pública e Cidadania, desenvolvido pelo Programa de Capacitação em Direitos Humanos (Procedh).
Elton Leite de Souza, que durante os dias de hoje e amanhã debaterá ‘Conceito e Fundamentos dos Direitos: Ética e Cidadania’, iniciou a aula abordando o surgimento da ética e as questões que relacionam aquele momento ao mundo atual, como os próprios valores humanos. Segundo ele, a palavra ética está correlacionada à palavra caráter, considerada como “aquilo que determina como a alma é”. Mas essa alma, ao contrário de outras determinações de alma, destacou o professor, tem muita relação como o ambiente social. Dessa forma, acrescentou ele, quando se fala em ética, aponta-se para os mundos interior (alma) e exterior (social) que estão fortemente ligados para formar um todo. Para o palestrante, que é professor adjunto da Universidade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro, “essa questão não é meramente técnica e deve servir como uma orientação à força coativa”. A ética, defendeu ele, “sempre será reguladora”.
Ainda durante a discussão sobre ética, o professor abordou a idéia de etnocídio (destruição da cultura de uma etnia por outro grupo étnico), lembrando que tal prática remonta à descoberta do Brasil, quando os portugueses se apoderaram de símbolos da cultura indígena para destruí-la. O prefixo etno, explicou Elton Souza, remete à ética. Isso permite afirmar que a lei, às vezes, é etnocida, disse ele, destacando que “a elite brasileira é etnocida porque mantém o povo em um estado de exploração que o próprio povo não percebe”. De acordo com o professor, o curso de especialização é uma tentativa de pensar como nos livraríamos desse sistema etnocida. Para isso, frisou ele, “é preciso transcender”. “A essência do homem é transcender àquilo que ele é”, concluiu.
Fonte: ASCOM/MP
Leave a Reply