Opinião | No futebol ou na política, a boa gestão faz a diferença

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Elena Landau – Economista e Advogada

Fragilidade das propostas e desgovernança do processo marcaram anúncio do pacote de corte de gastos do governo.

O patamar de R$ 6 veio para ficar. Não chega a ser surpreendente. Haddad está tentando salvar seu arcabouço, com o medíocre objetivo de não ultrapassar o limite de déficit permitido. Só que já não se liga muito para metas; afinal, elas sempre podem ser dobradas. Os olhares se voltaram para a dívida. Os artifícios que usaram para dar impulso fiscal, fora da conta do primário, acenderam sinal amarelo. Os juros subiram, no Copom e no mercado, carregando o dólar junto.

Um corte de despesas mais profundo era necessário. Deixaram de fazer o óbvio: eliminar ganhos reais no salário mínimo e mudar a indexação de gastos sociais, bastando manter os valores em termos reais. Além da fragilidade das propostas, o anúncio veio marcado pelo show de desgovernança do processo. Em momento de crise, é fundamental o apoio à equipe econômica. Com FHC e Temer foi assim, assim como com o próprio Lula em seu primeiro mandato. A dica é fazer antes e falar depois.

O pente-fino sobre os gastos sociais era o núcleo das ideias de Haddad. Lula o jogou na toca dos leões; os representantes dos ministérios afetados reagiram, enfraquecendo o ministro. Não foi sem querer.

Com a reação negativa, o governo começou a construir narrativas para se eximir de culpa. Sobrou para o tal mercado. O alvo foi Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, que “não entende nossa realidade”. Nessa hora, o fato de ele ter elevado juros em pela campanha de reeleição de Bolsonaro foi convenientemente esquecido.

Boulos entrou com ação civil contra Campos Neto, por ele “ser adversário político do atual governo”. Confirmou sua total incapacidade para gerir uma cidade como São Paulo. O PT lançou em suas redes um post com imagens de Haddad e Campos Neto lado a lado. Para o ministro, elogios pela isenção de imposto para a classe média – decidida na 25.ª hora; na outra foto, “o milionário que deixou o dólar atingir a marca histórica de R$ 6″. Imagem quase tão desonesta quanto o prato vazio na campanha de Marina Silva. Mantega, que orquestrou a maior recessão da nossa história, foi mais um a culpar o mercado e o BC.

A cereja do bola veio de Rui Costa. Garantiu que BC terá agora pessoas “comprometidas com o País”. O cheiro de intervenção foi o estopim. A Casa Civil mandou a institucionalidade às favas. Bom Lula lembrar de Dilma 2 quando fizer planos para 2026.

Mesmo focada no jogo da Libertadores em Buenos Aires, não deu para ignorar as trapalhadas do anúncio do pacote. Voltei com a taça na mão. No futebol ou na política, a boa gestão faz a diferença.

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Opinião por Elena Landau

Economista e advogada

FONTE: JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO

 

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