A cidade e o lixo

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Por: Maria Karina (www.sertaocontece.com.br)

O lixo – aliado à falta de atendimento médico de qualidade, educação e manutenção de estadas vicinais – é um dos maiores problemas de Euclides da Cunha. A população cresce a cada ano, aumentando a produção do lixo, que vem tomando conta da cidade. A Delimpec [Departamento de Limpeza de Euclides da Cunha] responsável por fazer a coleta regular do lixo, parece estar desempenhando suas atividades de maneira satisfatória, apesar de toda a sujeira encontrada nas ruas de bairros distantes do centro da cidade.

A população já está acostumada a sujar e cobrar da prefeitura que a limpeza seja feita. Falta estrutura, educação e preocupação dos órgãos competentes, e da própria população. O lixo e o entulho espalhado nas ruas, além de causar uma péssima imagem aos turistas que visitam o município, é um grande causador de doenças.

Depois de alguns e-mails, a reportagem do Sertão Acontece visitou algumas ruas dos bairros Pau Miúdo e Caixa D’água e constatou, através de depoimentos de alguns moradores, que alguns logradouros sofrem com a fedentina do lixo espalhado pelos mesmos. Na Rua Pedro Agres de Carvalho, Caixa D’água, o entulho depositado em frente a uma residência já está lá há quase 15 dias.

Na Rua José Pedro de Queiroz, bairro Pau Miúdo, o lixo já é algo que faz parte do cotidiano dos moradores. “O cheiro aqui é insuportável, porque se mistura com o fedor do esgoto que é a céu aberto. A máquina da Prefeitura veio aqui limpou a metade, como você pode ver, a outra metade ficou aí (apontado para o amontoado de lixo)”, disse uma moradora de 63 anos que não quis se identificar.

Demais vizinhas entendem que o lugar, uma grande área descampada, poderia ser melhor aproveitada. “Dá pra fazer um parquinho de diversão para as crianças do bairro e um campo de futebol. Isso com certeza evitaria o despejo de grande parte do lixo que é jogado hoje nesse local pela população. Tem gente que é tão mal-ducado que trás seu lixo no carrinho de mão para jogar aqui, eu é que queimo tudo”, ressalta.
Em virtude de tais depoiemntos, terrenos baldios são vizinhos que ninguém quer por perto. Os espaços abandonados, onde não há nada construído, geralmente acabam se transformando em depósito de sujeira. Quem vive próximo desses terrenos convive com muito lixo, mato, insetos e dor de cabeça. Por lei, é dos donos a responsabilidade de manter limpos os terrenos baldios.

Outro bolsão de lixo encontrado pela reportagem fica ao lado da Escola Municipal Naide Lima Campos, que fica situada no Pau Miúdo, à Rua João Gregório Pereira da Cruz. O entulho e o lixo também já são comuns por lá. Primeiro, em virtude da população, que aproveita o terreno baldio que fica ao lado da escola para fazê-lo de lixão, e segundo, em decorrência do descaso do setor de limpeza da Prefeitura Municipal, que segundo moradores, há mais de 20 dias os dejetos [principalmente fraldas descartáveis e roupas] estão depositados no solo.

“Esse tipo de coisa acontece porque não existem coletores de lixo nem lixeiras pequenas nestes lugares e nada é feito para melhorar essa situação. Por isso que os terrenos baldios da cidade acabam se tornando pequenos bolsões de lixo”, informa outro morador que não quer seu nome identificado.

Ainda no bairro Pau Miúdo, precisamente na Rua José Trajano da Silva, o entulho colocado à porta da residência de nº 27, há exatos 13 dias, ainda continua por lá. Em frente dessa casa a reportagem do SA encontrou sacos plásticos, madeira velha, galhos secos, restos de obras, lixo orgânico e até gaveta e pedaços de camas.

Para reduzir essa montanha de problemas, a solução depende de lixeiras espalhadas por todos os bairros da cidade e de medidas que incentivem a reciclagem. Mas não se tem o costume, em Euclides da Cunha, de separar o lixo para a reciclagem. Nunca foi desenvolvida uma campanha de conscientização ou de educação, quanto à reciclagem do lixo.

No Brasil, 60 a 65% do lixo domiciliar são compostos por matéria orgânica, 30% por material reciclável e apenas 10% é rejeito. Em Euclides da Cunha, em média, são destinadas ao lixão, que fica às margens da BR 116 (próximo ao povoado Queimada do Raso), 310 carradas de lixo por mês. Cerca de 30% do lixo domiciliar e comercial de Euclides da Cunha é potencialmente reciclável (não orgânico), outros 34% do lixo de Euclides da Cunha é resíduo da construção civil.

Segundo a Secretaria Municipal de Obras e Infra-estrutura, são coletadas, em média, 107 carradas de lixo domiciliar e 144 carradas de lixo proveniente da varrição de ruas. Quanto à destinação dos resíduos produzidos, o entulho vai também para o lixão.

Para tentar manter limpa a cidade, a Prefeitura Municipal de Euclides da Cunha conta com um quadro de 168 funcionários [setor de limpeza], sendo 54 funcionários efetivos; 22 em distintas localidades, tais como PSF, escolas, delegacia, entre outros, e 92 contratados. Entre os contratados, 16 atuam nos povoados de Carnaíba, Aribicé, Serra da Mãe Inácia, Serra Branca, Caimbé, Serra Vermelha, Ruilândia e Pinhões.

 

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