A prefeita Fátima Nunes prometeu à população que teria uma solução rápida a respeito da interdição do Matadouro Municipal. Contudo, decorridos mais de 1 ano de seu governo e ainda continuamos a conviver com abates clandestinos ou vindo de outros Municípios, colocando em risco a saúde da população e encarecendo o seu preço final para o consumidor.
As associações de classe e a população não reclamam mais e, por conseguinte o poder público não desenvolve nenhuma ação para sanar o problema. Vamos todos nos acostumando ao que aí está.
Isso não pode acontecer! Precisamos continuar cobrando a promessa feita pela prefeita e reclamando dessa situação. Nesse sentido seria bom relembrar as respostas à pergunta abaixo de diversas pessoas, quando houve a interdição do matadouro, que continuam bastante atuais:
Qual a sua opinião em relação à interdição do Matadouro Municipal e em que isso afetou na comercialização da carne no Açougue Municipal? (*)
Nazário (magarefe):
É o seguinte: o matadouro fechou e isso é uma coisa sem ética, sem lógica, pois o que realmente mudou é que o povo está sofrendo mais, porque apesar de ter proibido de matar o boi em Euclides da Cunha, estão matando em todos os povoados, e não existe fiscalização nenhuma pra impedir isso aí. E o comércio euclidense se acabou, nós estamos sofrendo muito e o consumidor muito mais. Quando o boi era abatido aqui a gente tinha mais jeito e mais proporção pra trabalhar. E hoje tem muita gente que trabalhava no matadouro passando necessidade. A realidade é que prejudicou todo mundo.
Dona Dedé (fateira):
Para mim foi ruim, quero dizer pra todos. Não tem nada no fato, só o bucho, o mocotó e o coração. É o que vem junto com o fato. Eu nunca mais ganhei dinheiro (quase chorando). Eu estou achando muito complicado, por que as pessoas que não têm condições de comprar uma carne boa compravam essa carne da cabeça, e agora nem isso tem mais, estão passando necessidade comendo ovo ou qualquer coisa que aparece.
Salviano (magarefe):
Sobre a parte de fechar o matadouro devido à higienização, o que eu vejo é que não adiantou nada, por que as carnes chegam de Serrinha e são cortados nas mesmas bancas. Por outro lado, tirou o pão da boca dos trabalhadores, que estão passando fome. Aqui o mercado acabou-se, quem cortava um boi está cortando bode, porco, e ninguém pode falar nada por que depende disso pra sobreviver.
Raimundo “popular Mumum” (magarefe):
Depois que o matadouro fechou acabou tudo, está todo mundo passando fome aqui, quem cortava boi como eu e outros, estamos agora matando um bode, um porco, no dia que dá certo.
Antônio Rocha (magarefe):
O que aconteceu em nosso município foi uma calamidade, por que se esperava uma coisa e aconteceu outra: quando fecharam esse matadouro achavam que iriam fechar o matadouro, mas fecharam foi o município como um todo. O que acontece é que temos aqui uma cidade de pequeno porte, pobre e de pequenos pecuaristas, inclusive eu até procurei o Promotor Dr. Marcelo responsável pela interdição, e o que acontece é que nem o Dr. Marcelo se encontra mais em Euclides da Cunha. Politicamente o que eu vejo é que os políticos imaginaram que iriam resolver os problemas. E iriam resolver esse problema de que jeito? Empurrando com a barriga? E foi o que fizeram, empurraram, empurraram e deixaram o povo a ver navio, mais uma vez nos fazendo de besta. Hoje com o fechamento do matadouro que já está fazendo cerca de 60 dias, o nosso município, eu faço um cálculo aproximado em números, teve um prejuízo de mais de 6 milhões de reais, e eu lhe pergunto: e esses 6 milhões que nós perdemos nesses 60 dias aproximadamente, do poder aquisitivo, que era aquele dinheirinho que as pessoas tinham extra para comprar alguma coisa, colocar seu filho na escola e pra manter o auxílio de um problema de saúde, comprar medicamentos, e os políticos nunca viram isso. E esse poder já saiu de mão da nossa cidade, resultando quase em uma falência do nosso município. Se os políticos e a população em geral tivessem lutado e dado apoio aos magarefes, esse problema seria resolvido de uma maneira fácil, por que nós iríamos fazer um abaixo-assinado com mais de 35 mil assinaturas e colocaríamos em praça pública em um palanque, quanto cada um comerciante, pecuarista, e a comunidade em geral e os políticos, teria que doar para o município para que se fizesse esse matadouro. Resultado: ninguém veio a fazer manifestações dessa forma. Só para você ter uma idéia eram abatidos aproximadamente 100 a 110 bois por feira, antes da interdição. Hoje essa quantidade está resumida entre 25 e 30 bois por feira, e só se vende geralmente 15, deixando o resto no freezer para a segunda, terça e assim sucessivamente. Esse povo está comendo o quê? Isso é lamentável, os políticos precisam ver isso.
(*) Depoimentos colhidos por Jarbas Nogueira
Será que haverá ainda tempo para alguma mobilização? Tenho a impressão que o matadouro nunca mais será reaberto baseado no novo modelo concebido, que era a instalação de matadouro frigorífico que atendesse a vários municípios circunvizinhos. Ou seja, os municípios denominados “Territórios de Identidade” SEMI-ÁRIDO NORDESTE II que abrange as cidades de: Jeremoabo, Santa Brígida, Pedro Alexandre, Coronel João Sá, Sítio do Quinto, Novo Triunfo, Antas, Cícero Dantas, Banzaê, Fátima, Adustina, Paripiranga, Ribeira do Pombal, Heliópolis, Ribeira do Amparo, Cipó, Nova Soure e Euclides da Cunha.
Talvez, já tenhamos perdido este beneficio para Ribeira do Pombal. Neste município, já ocorreu uma licitação para a exploração do Matadouro Municipal pelo período de 12 anos e com capacidade para atender esta micro região. Ou seja, o fato já deve estar consumado. O abate de animais de Euclides da Cunha ao invés de ser em Serrinha passará para Ribeira do Pombal. Com essa alternativa provavelmente irá diminuir o valor do frete e consequentemente, o preço do Kg da carne. Já é um consolo.
E a vida continua. Os comerciantes do ramo que estão trabalhando na legalidade, ou seja, comprando a carne proveniente de Serrinha ou futuramente em Ribeira do Pombal vão continuar sofrendo a concorrência desleal dos que negociam com a carne oriunda do abate clandestino e com isso tem um custo kg de carne mais barato, colocando a vida das pessoas em risco, além de estarem cometendo um crime, porque a fiscalização por mais eficiente que seja não conseguirá evitar este tipo de ocorrência.
E finalizando, solicito aqueles que lerem esta matéria e tiverem alguma informação que possa acrescentar ou corrigir ao que foi dito, favor usar o espaço “Comente esta Matéria”.
Autor: João de Tidinha
Leave a Reply