Do mundo para JOINVILLE

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James Scott pedalou 96 mil quilômetros por 32 países das Américas e da Europa por dez anos e 11 meses. O ciclista registrou as imagens das viagens em cerca de 375 mil fotografias. Destas, apenas 80 mil estão reveladas. A esperança de Scott é recuperar os filmes que estão com amigos nos países por onde passou, ter a sorte de estarem conservados e conseguir desconto para ampliá-los. Desde que começou a busca foram gastos R$ 6 mil em revelação. E o objetivo do atleta é montar em Joinville o maior museu fotográfico da América Latina.

Scott na verdade se chama Hilton Silva Lima. O sotaque que carrega é uma mistura dos idiomas que o baiano de Euclides da Cunha teve contato ao longo da jornada. O pseudônimo foi adquirido quando venceu a volta James Scott – uma prova de resistência em Frankfurt, em 1988. Ciclista desde 1986, começou a aventura sete anos depois, logo após a morte dos pais. O pai de Hilton mantinha um projeto que ajudava crianças pobres do interior da Bahia, levando-as de carro até a escola todos os dias. Por dois anos, Scott pedalou pelo Brasil a fim de escrever um livro sobre a cultura brasileira. Pretendia promover e arrecadar dinheiro para continuar o projeto. Com R$ 260 mil, rumou para a América do Sul, Central, do Norte e Europa.

O dinheiro durou cinco anos. “Não soube administrar. Investi tudo em equipamentos e não controlava os gastos na estrada”, contou Hilton, que foi assaltado cinco vezes e teve que pedir ajuda aos habitantes para seguir em frente.

Nas paredes de onde será o museu, estão dezenas de recortes de jornais com matérias falando da luta de James Scott pelo projeto do pai. O viajante de 43 anos tem um carinho especial pelo México, país que mais o ajudou. Ele concedia entrevistas e palestras, mas chegou a mendigar e procurar comida no lixo. Pensou em desistir cada vez que acabava o dinheiro. “Acordava e tinha um desafio todo dia: arranjar o que comer”, disse. “Encontrei uma família em El Salvador que tinha dois pratos de comida para quatro pessoas e eles dividiram comigo”, contou, emocionado. Segundo ele, os latinos são mais acolhedores e o europeus mais frios. “Alguns ciclistas que saem pelo mundo apenas porque ‘deu vontade’, sem planos e sem preparo, acabam manchando a nossa imagem e acabamos taxados de vagabundos”, desabafou Hilton, que sofreu preconceito em alguns países.

Fonte: A NOTICIA
 

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