O que mais me chamou a atenção, no primeiro dia de propaganda eleitoral gratuita dos candidatos ao governo da Bahia, foi o retorno da figura do falecido senador Antonio Carlos Magalhães (morreu em julho de 2007) ao cenário político baiano, após ter sido completamente deixado de lado nas eleições municipais de 2008, inclusive pelo seu neto, que foi um dos candidatos à prefeitura de Salvador.
Na ocasião, pouco mais de um ano após a morte daquele que tanto marcou a vida pública da Bahia e do Brasil em pelo menos três décadas, nenhum candidato a vereador ou a prefeito teve coragem de mandar fazer um cartaz ao lado de sua foto. E o deputado federal ACM Neto extrapolou: fez a sua campanha a prefeito pichando os muros de Salvador usando somente a palavra “Neto”, “esquecendo” e desvinculando-se da sigla que seu avô tornou famosa em todo o Brasil.
A campanha de Paulo Souto (DEM-PSDB) relembrou seus vínculos com ACM, na tentativa de restaurar parte da força que o grupo carlista já teve na Bahia e que se fragmentou após o desaparecimento da sua principal liderança.
Como a maior parte dos deputados (estaduais e federais) que sempre seguiram os passos de ACM se dispersou em busca dos emergentes guarda-chuvas políticos, a vinculação proposta por Souto deve ter o objetivo de atrair prefeitos, vereadores e cabos eleitorais que ainda são fiéis à memória do antigo líder.
Quanto aos demais candidatos, fizeram o que era esperado: Jaques Wagner (PT) e Geddel Vieira Lima (PMDB) deram início à disputa para mostrar ao eleitorado quem é mais indicado para ter o presidente Lula ao seu lado. No primeiro momento, o governador levou certa vantagem porque apresentou o presidente defendendo sua candidatura, enquanto os peeemedebistas tiveram que apelar para gravações de eventos nos quais Lula elogiou o trabalho de Geddel como ministro.
Todos os candidatos seguiram o conselho dos marqueteiros, de começar a campanha despertando emoção e propondo pouca coisa de concreto. Inclusive aqueles dos partidos menores, como Luiz Bassuma (PV) e Marcos Mendes (PSOL), sendo que o verde levou vantagem por saber usar bem a TV e ter uma excelente oratória.
Ainda faltam mais de 40 dias de campanha para vermos qual estratégia de campanha deu mais certo.
ATUALIZAÇÃO: Depois de assistir ao horário eleitoral gratuito da tarde desta quinta-feira, vejo que a reabilitação da figura de ACM é mais ampla do que eu pensava. ACM Neto e seu tio Paulo Magalhães também se lembraram do velho senador e passaram a citar seu nome em suas inserções. Como dizia minha avó, realmente nada melhor que um dia após o outro…
Análise do comentarista Paixão Barbosa – ATARDE ONLINE-19/08/2010
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