“Souto me desejava na chapa, Geddel me desejava na chapa e Wagner me procurou”.

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untitledcesarPor Isabel Martinez e Camila Vieira 

Ele nasceu em Salvador, mas também pode ser considerado filho de Jequié, cidade natal de sua família. Lá, viveu boa parte de sua infância e viu seu pai ser eleito prefeito da cidade. O engenheiro civil e ex-professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), César Borges já foi governador da Bahia, deputado estadual por duas vezes, hoje o senador e candidato à reeleição que lidera as pesquisas de intenção de voto.
Nessa entrevista, Borges fala sobre eleições, sua atuação no Senado, revela detalhes da infrutífera negociação para compor a chapa de Jaques Wagner (PT), reitera que Geddel  “representa o novo”, comenta o imbróglio da licitação para construção da ferrovia Oeste-Leste (caso Valec) e, como era de se esperar, faz duras críticas ao governo Wagner. 
  

Política Hoje: Quais serão as suas estratégias, senador, para essa campanha?   

César Borges: Acho que a principal estratégia, que todos esperam, é a propaganda eleitoral gratuita na televisão e no rádio. Vai ser o momento decisivo, porque o alcance da televisão, realmente, é muito maior do que qualquer mídia, qualquer comício, viagens, carreatas, passeatas. As outras possibilidades e as outras opções de campanha ideal, estamos fazendo, mas também acho que o importante, no meu caso, foi o meu trabalho no Senado, então, se diz: “por que o senhor está liderando a pesquisa no Senado?”. Eu estou liderando pelo fato de que eu fiz um trabalho no Senado. Eu ocupei os espaços que existiam, que um senador deve ocupar. Quando você assume a tribuna do Senado – tem a TV Senado, que tem hoje uma audiência muito boa, muito interessante – quando você está numa comissão defendendo os interesses da Bahia, aquilo é reprisado na TV Senado; quando você faz uma ação em determinado setor, lutando em prol da cultura baiana, isso é noticiado aqui, nos blogs, nas mídias, como vocês noticiam. Tudo isso foca na imagem, então isso é acordo prévio, não é campanha.  

Política Hoje: Senador, qual a principal bandeira o senhor vai defender, caso seja eleito? 

Borges: Olha, eu não diria que tem principal bandeira, eu tenho bandeiras. Se eu dissesse assim, tenho uma prioridade única, eu digo: a Bahia. Há um programa de computador que minha assessoria utilizou Work It Out que pegou esse ano os discursos que eu fiz na tribuna do Senado. Foram 27 discursos, e aí procurou ver quais foram os nomes que apareceram. Depois isso aparece até com maior e menor destaque e o nome Bahia apareceu 400 e poucas vezes. Então isso deixou muito claro que minha prioridade absoluta é lutar pela Bahia. Dentro do cenário nacional, é claro que a Bahia está inserida, Bahia, depois Nordeste e Brasil – esses são os principais nomes. A minha prioridade é a Bahia e dentro das coisas baianas eu acho que a Bahia tem que ter um protagonismo muito grande dentro do desenvolvimento do Nordeste e, por isso, nós precisamos de mais infraestrutura para o desenvolvimento do estado. Nós temos problemas de portos, temos problemas de ferrovias, precisamos ampliar nossa malha rodoviária, essa é razoável, mas precisa ser ampliada, temos problemas de aeroportos, então a Bahia tem que continuar se desenvolvendo porque a Bahia deu um pico no desenvolvimento com algumas conquistas, por exemplo: A Bahia tem três estágios de desenvolvimento. O primeiro foi acontecer com o descobrimento de petróleo com a vinda de uma refinaria para a Bahia, a Refinaria de Mataripe; depois, quando veio o Polo Petroquímico de Camaçari, na década de 1970; depois, quando veio a Ford, que nós quase duplicamos nosso Produto Interno Bruto, gerando mais de 70 mil empregos. Foi a fase já da produção de produtos de consumo durável, tipo automóvel. Agora, lamentavelmente, a Bahia não conquistou nada nesses últimos anos de grande. Em compensação, Pernambuco conquistou. Tem o complexo petroquímico sendo instalado, o SUAPE, que elevou o setor têxtil da petroquímica para lá; tem o Polo Naval sendo desenvolvido lá em Pernambuco, a Bahia ainda não fez um Polo Naval, nós não temos, se fala que vai ter. Então a Bahia está, nesse período atual, com tudo para fazer. É a via Leste-Oeste, que ainda não começou; é a via Expressa, que ainda não foi concluída, aí tem a ponte de Itaparica, Itaparica-Salvador… 

Política Hoje: Esses seriam os desafios do próximo governador…

 Borges: É… então, por exemplo, nós temos que ampliar o aeroporto de Salvador. Aí a Infraero já disse que não pode fazer a terceira pista porque tem um problema ambiental. Muito bem, mas vamos fazer um grande aeroporto em Feira de Santana, fazer aeroporto de carga que sirva como Viracopos, Campinas para São Paulo. Isso é uma hipótese para Feira de Santana que está daqui a 100 km, uma hora, isso pode ter até amanhã um trem, um DRT aí que vai mais rapidamente… 

Política Hoje: Essa é a mesma distância de Campinas-São Paulo… 

Borges: Mesma distância. Então, vamos para essa linha. Ilhéus não tem aeroporto, tem lá um aeroporto que não satisfaz a região. Vitória da Conquista está sem aeroporto. Porto Seguro é o segundo maior destino turístico do Nordeste brasileiro. O primeiro é Salvador e o segundo é Porto Seguro. O aeroporto de lá, a estação de passageiros parece uma rodoviária de interior, mas literalmente. Mas vão ampliar isso, não pode ficar como está ali. Aqui em Salvador tem que ir para Recife para atravessar o Atlântico. Isso cria problemas para o desenvolvimento do turismo de lá. E essas coisas, veja bem, essas coisas têm que ser tocadas…Se você perguntar “por que vocês não fizeram no passado?” Porque ninguém constrói tudo… Por exemplo, o aeroporto de Salvador foi ampliado no meu governo – foi um trabalho da Infraero com o governo do Estado – nós ampliamos e inauguramos esse aeroporto em 2002. Ele tinha uma projeção de até 6 milhões de passageiros por ano e que isso seria atingindo em 10 anos. Nós atingimos isso em menos: em oito anos. Em oito anos ele já estava com 7 milhões de passageiros por ano. Isso mostra que a Bahia desenvolveu o turismo, o estado vem se desenvolvendo, então é preciso que cada um faça a sua parte. Agora, se o governo não faz a sua parte vai deixando para o outro. Então, esses desafios todos existem para o futuro governo.  

Política Hoje: E como a sua atuação no Senado… 

Borges: Eu quero, através de minha ação no Senado, ajudar o desenvolvimento na Bahia. Esse é um aspecto do meu mandato, da minha atuação. O outro é apresentar projetos que possam melhor a vida do povo brasileiro. Os projetos que eu aprovei, por exemplo, da prioridade a tramitação de projetos judiciais para os idosos ou portadores de doenças graves, que hoje leva um carinho prioritário. Você requer o juiz tem que dar prioridade e ele tem que tramitar prioritariamente, porque um idoso ou um portador de doença grave não pode ficar esperando 20 anos para uma decisão judicial ou para uma decisão administrativa dentro do Executivo. Tem que analisar prioritariamente. A redução dos impostos para o aposentado, no seu imposto de renda, o plano de saúde para empregadas domésticas, que você possa pagar um plano de saúde para a sua empregada doméstica… São 7 milhões de brasileiros que são empregadas domésticas e só um milhão é legalizado, que tem carteira assinada. Então, se você dá um plano de saúde, você vai poder abater o seu imposto de renda, mas desde que a pessoa seja legalizada. Então, estes projetos que eu digo, assim, que têm um fundo social de amplo alcance nacional também tem sido motivo de minha preocupação. Agora, por exemplo, o Senado constituiu uma comissão de notáveis para fazer uma reforma com o Código de Processo Civil e o Código de Processo Penal e já apresentou ao Senado e nós vamos sair com um projeto de lei para mudar o Código de Processo Penal, que é arcaico e cria tantas barreiras e possibilidades de procrastinação dos processos que, por um lado, abarrotam a Justiça e, por outro lado, prejudicam o cidadão, porque ele não tem o direito tempestivamente realizado. São bandeiras que são sempre prioridades.  

Política Hoje: Desse período todo que o senhor passou no Executivo, Legislativo, qual é a ação que o senhor considera mais importante da sua carreira política, a causa que o senhor abraçou que considera mais importante? 

Borges: Mais uma vez, é aquela história. Você conseguir traduzir uma única coisa, toda a sua ação política, é difícil… Eu posso até hierarquizar, tentar hierarquizar. Olha, como deputado estadual, eu fui constituinte aqui na Bahia, fui relator de comissões importantes na Assembleia Legislativa. Como secretário de Estado, eu acho que o saneamento na Bahia avançou muito, então foram ações importantes. Como governador, já falei da conquista da Ford, foi um marco do desenvolvimento industrial da Bahia. Na área da educação nós duplicamos o número de vagas no 2º grau, porque eu fui governador na época em que foi criado o Fundeb. O Fundeb permitiu que você universalizasse, praticamente, o ensino fundamental. No momento em que você tinha todas as crianças de 5 a 14 anos no ensino fundamental, começou a ter um afluxo grande das crianças para o ensino de 2ª grau, que era responsabilidade do governo do Estado. Então precisava ampliar a rede, nós ampliamos criando as estruturas do governo de Luís Eduardo Magalhães, fazendo colégios de 2º grau no interior do Estado e ampliando o número de vagas de 350 mil alunos para 700 mil alunos. São todas as coisas importantes. Uma vida política se faz de uma série de ações, todas elas mais ou menos importantes, mas que se somam.

Proxima edição: Continuação entrevista Senador César Borges

 

 

 

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