EDITORIAL
Dos 63 deputados com assento na Assembléia Legislativa da Bahia, 51 se acham com direito a reeleição. E pedem votos sem pudor. Balanço de A TARDE mostra, no entanto, o pífio desempenho desses políticos na legislatura de 2007 a 2010, com base em dados da própria Assembléia e de uma avaliação da ONG Transparência Brasil.
Assiduidade, cargos nas comissões e projetos apresentados entraram no estudo. Dos 9.018 projetos, 29,2% tiveram, de fato, relevância – e, para espanto geral, apenas quatro nasceram da iniciativa parlamentar, um deles a suspensão do pagamento obrigatório de assinatura de telefonia, assinado por Álvaro Gomes (PCdoB).
Em contrapartida, o orçamento da Assembléia em 2010 foi de R$ 261,4 milhões.
Cada deputado recebeu subsídios mensais de R$ 12,5 mil, mais verba de gabinete de R$ 60 mil (contratação de assessores), subsídios de R$ 10 mil para combustíveis e R$ 4 mil para passagens aéreas. Tirante os quatro projetos importantes, os demais vieram do Executivo e Judiciário ou eram inócuos.
Parte dos projetos deu títulos honoríficos ou declarou de interesse público entidades sociais, muitas ligadas diretamente ao proponente. O balanço conclui que a atividade política no Brasil perdeu substância ideológica; já não se pugna por idéias, princípios e estratégias de interesse social.
Predomina a causa própria, de grupos, razão de muitos escândalos.
A Assembléia tende a reeleger deputados ou eleger seus filhos e parentes. A maioria dos 18 deputados com mandato novo nesta legislatura é de ex-prefeitos. Novas regras eleitorais dificultam a eleição pelo veto à distribuição de brindes com a imagem e número de registro do candidato, além da promoção de showmícios.
Um gráfico mostra que o patrimônio de 47 deputados praticamente dobrou (84,8%) entre2006 e 2010(eles alegam que têm outras fontes de renda), enquanto a inflação acumulada no período foi de 22%.
O balanço traz a certeza de que pouco ou nada mudará em essência.
Transcrito do Jornal ATARDE – Edição de 21/09/2010
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