Deputados que se aliam a Kassab se dizem em fuga de ‘caciquismo’

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Parlamentares ouvidos pelo G1 afirmam buscar ‘mais espaço’ no PSD.
Segundo lideranças, legenda deve ter entre 30 e 40 congressistas.

Parlamentares que anunciaram migração para o Partido Social Democrático (PSD), recém-lançado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, afirmaram que buscam na nova legenda “mais espaço” e maior possibilidade de participar das decisões partidárias.

“É um partido que não tem dono, [não tem] quem mande, não tem caciquismo. É a possibilidade para que todos possam exercer a democracia partidária”, disse o deputado federal Eduardo Sciarra, que deixará o DEM para comandar a criação do PSD no Paraná. “Fui convidado pelo prefeito Kassab para coordenar esse momento de criação do partido no estado e estamos muito animados”, afirmou Sciarra.

O pensamento é compartilhado pelo colega de Câmara Geraldo Thadeu, de Minas Gerais, que anunciou a troca do PPS pelo PSD. Ele deve fazer parte do diretório estadual mineiro. “Já tive problemas de relacionamento no PPS. Não é um problema só do PPS, de uma conduta muito centralizada. O mundo mudou muito e os políticos mudaram, querem participação maior, poder fazer parte das decisões. Foi nesse sentido que busquei essa oportunidade com a nova legenda”, afirmou o parlamentar.

O ex-deputado Indio da Costa, que foi candidato a vice-presidente da República na chapa de José Serra (PSDB), já confirmou a troca do DEM pelo PSD. O motivo para saída, segundo disse ao G1, é o mesmo dos colegas.

“Não tive problemas com o Democratas em nível nacional, mas sim no Rio, onde César e Rodrigo Maia centralizam as decisões. Não acho que esse seja o modelo de crescimento. Em todos os grandes partidos há caciques regionais e nacionais e não percebemos democracia interna partidária”, disse Costa, que vai coordenar a implantação da legenda no Rio.

Para Indio da Costa, as críticas contra a legenda se devem ao tamanho do partido. “O PSD já nasce acima da média e vai praticar democracia interna, na contramão do modelo dos caciques partidários. Sem democracia interna, o partido vira cartório de poucos.”

É um partido que não tem dono, [não tem] quem mande, não tem caciquismo. É a possibilidade para que todos possam exercer a democracia partidária”

Deputado federal Eduardo Sciarra (DEM-PR), que deve organizar o PSD no Paraná
De acordo com parlamentares ouvidos pelo G1, o PSD deve nascer com pelo menos um governador, dois senadores e entre 30 e 40 deputados federais.

O governador em questão, o amazonense Omar Aziz (PMN), vai se reunir com Kassab neste domingo (10), na Assembleia Legislativa do Amazonas. Segundo a assessoria de imprensa do governador, é nesta reunião que Aziz decidirá se ingressará no PSD.

Os dois senadores que podem aderir ao partido são Sérgio Petecão (PMN-AC) e Kátia Abreu (DEM-TO). A senadora foi ao plenário do Senado nesta semana anunciar sua filiação ao PSD. Ela afirmou não se sentir mais “em sintonia” com o DEM.

“A atuação partidária [do DEM] hoje tem concepção distinta da minha no que se refere não apenas à prática interna da democracia, mas à postura de independência em relação ao quadro presente da política brasileira. Respeito e acato, mas já não me sinto em sintonia”, discursou Kátia Abreu, citando que o novo partido não fará oposição “à toa” e ficará do lado das ações positivas do governo.

Entre os deputados federais que devem migrar para o PSD estão filiados do DEM, PPS, PMN e PDT. Entre vice-governadores e prefeitos que negociam a ida para o novo partido, há casos também de filiados ao PSDB, PSB e até ao PT.
Entre os deputados que já confirmaram a migração para o PSD estão Guilherme Campos (DEM-SP), Cesar Halum (DEM-TO) e Fábio Faria (PMN-RN).

Em cima do muro
Pelo menos dois deputados do PDT também podem ir para o PSD, segundo afirmaram outros parlamentares.
Um deles, o deputado José Carlos Araujo (PDT-BA), nega que esteja tudo acertado. Segundo sua assessoria, ele participou do lançamento do PSD em Salvador “em solidariedade” a outros colegas e já se reuniu com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, presidente licenciado do PDT, para desmentir os boatos. A assessoria informou que, caso ele tome a decisão de sair do seu partido, o fará publicamente e vai conversar antes com lideranças do PDT.

Outro deputado, Carlos Manato (PDT-ES), admitiu que chegou a conversar com “interlocutores” do PSD, mas afirmou que ainda não tomou uma decisão. “Estou em busca de mais espaço, mas não a qualquer custo. Vou seguir minha ideologia e trabalhar com coerência”, explicou.

Ele afirmou ter problemas com o diretório estadual, que, segundo ele, prejudicam sua atuação como presidente do diretório municipal de Vitória. “Se eu ficar ou não, vou conversar com a direção nacional. Vou botar na mesa as razões claras.”

Manato afirmou que protocolou um questionamento na Câmara para saber se perderia o cargo de segundo suplente na Mesa Diretora, caso venha a trocar de legenda. Ele foi indicado para a função pelo partido. Caso possa perder o cargo, admitiu que não deve sair do PDT.

O objetivo do PSD é organizar os diretórios estaduais até junho ou julho para que os interessados em concorrer em 2012 possam estar filiados até setembro. Pela lei eleitoral, é preciso que o candidato tenha se filiado pelo menos um ano antes do pleito.

Fonte: G1

 

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