Eleita com 55 milhões de votos, a primeira mulher presidente do Brasil, Dilma Rousseff, chega aos 100 dias de seu governo reforçando a imagem de personalidade austera. Em um palco político onde a disputa pelo protagonismo é frequente, a discrição da presidente chama a atenção. E mais ainda o seu quase silêncio.
O saldo dos primeiros 100 dias é mais preocupante do que propriamente positivo, sobretudo no que diz respeito à política econômica. Apesar da aprovação de 73%da população, de acordo com levantamento realizado pelo Ibope/CNI, os sinais sobre os caminhos que o País trilhará ainda não estão claros.
O corte de R$ 50 bilhões, anunciado em 9 de fevereiro, até agora não foi detalhado o suficiente para que as expectativas sejam correspondidas. O mês de março se encerrou com previsão do Banco Central de redução do crescimento econômico: de 4,5% para 4%, com provável alta da inflação para 2011, podendo atingir 5,6%, no lugar dos 5% anteriormente projetados.
As medidas anunciadas pelo ministro Guido Mantega, na semana passada – como o aumento no IOF sobre dinheiro capturado fora do País e o aperto no crédito para diminuir o consumo – também não foram suficientes.
O câmbio parece, simplesmente, ignorar as intervenções do Banco Central e do Executivo, mantendo-se em um patamar preocupante de valorização do real, o que afeta diretamente a balança comercial.
Dilma provou, até agora, contrariando os críticos de plantão, que de fato não é uma espécie de irmã siamesa do ex-presidente Lula. Tem idéias e brilho próprios. O reposicionamento diplomático do Brasil frente a nações como o Irã e a aproximação com os EUA sugerem um amadurecimento do País e o início de um novo ciclo.
Mas é na conjuntura interna, onde a presidente conseguiu conter a sede alheia de fisiologismo político e a barganha por cargos, que as questões econômicas precisam ser debatidas e solucionadas. E isto, evidentemente, não se fará com silêncio.
Editorial de ATARDE- publicado em 11/04/2011
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