DILMA E OS PARTIDOS: POUCO PARA DAR

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Por: Carlos Chagas

 

Abrir os cofres ou  pedir  a lista dos  infiéis, ameaçando retaliar?  Possivelmente as duas opções serão praticadas pela presidente Dilma, em  mais esse capítulo na  novela das relações entre governo e Congresso. Os partidos da base oficial acusam o palácio do Planalto de desprezo e intolerância diante de suas reivindicações, ao tempo em que o palácio do Planalto denuncia chantagem dos partidos da base oficial.

Na verdade, trata-se de muita fumaça para pouco fogo, dos dois lados, porque Dilma dirige-se aos partidos atrás do pouco que eles lhe podem dar,  enquanto os partidos tiram de Dilma o pouco que ela tem para lhes dar.

Mudou alguma coisa para o cidadão comum a rejeição,  no Senado,  de Bernardo Figueiredo para a Agencia Nacional de Transportes Terrestres?  Nem para os usuários da destroçada malha ferroviária, quanto mais para o trabalhador que não se afasta dos centros urbanos. No fundo, uma fogueira de vaidades de parte a parte. A presidente sentiu-se ofendida com a não aprovação   do indigitado funcionário, ao tempo em que os senadores  imaginam haver aplicado no governo uma lição para eles monumental, mas na realidade insignificante.

O Brasil real está a quilômetros de distância dessas picuinhas infantis. O que interessa mesmo são as políticas públicas envolvendo saúde, educação, segurança, transportes, habitação e alimentação, que nem o Congresso resolve, por desinteresse, nem o palácio do Planalto enfrenta, por falta de vontade. Fosse o governo derrotado  pelos partidos da base  na aprovação de um projeto capaz de minorar as agruras de quem não tem casa ou de quem procura sobreviver com a miséria de 622 reais de salário mínimo,  e estaríamos diante de uma crise. Ou, no reverso da medalha, pudessem deputados e senadores votar a proposta de participação dos empregados no lucro das empresas, convencendo  o governo a sancioná-la, haveria resultados práticos no relacionamento entre os poderes Legislativo e Executivo.  Mas ficando o diálogo em torno de nomeações e liberação de verbas, como de amuos presidenciais diante de infidelidades partidárias  – o que tem isso a ver com a gente?

Fonte: claudiohumberto.com.br

 

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