Por: João de Tidinha
O problema da seca no sertão nordestino é mais antigo do que parece. O primeiro registro desse flagelo ocorreu em 1559. Pesquisas confirmam: a situação climática do Sertão é inalterável. A seca no Nordeste Brasileiro, assim como a neve nos Países Europeus, é um fenômeno da natureza. Nunca ninguém ouviu nenhum mandatário destes Países afirmarem que vai acabar com a neve. A seca assim como a neve, não se acaba, não se muda, simplesmente tem que se estabelecerem mecanismos e políticas públicas para se conviver com estes fenômenos. Fundamental, portanto, a intervenção humana e dos poderes públicos para amenizar seus efeitos. Ouço com muita freqüência, os nossos conterrâneos euclidenses, afirmarem que o mais certo que temos no nosso sertão é o sol. As chuvas às vezes são escassas e falham. Nós, da região de Euclides da Cunha, ainda podemos nos considerar privilegiados, pois em condições de regularidade, temos o inverno e as trovoadas (este ano não ocorreram no nosso município), fato este, que não acontece nas demais regiões do sertão baiano, que só ocorre (quando ocorre) as trovoadas.
A seca acarreta grandes prejuízos aos proprietários rurais, que perdem suas lavouras e criações, e à população em geral, que sofre com a falta de alimentos e água potável. Já estamos convivendo novamente com a seca em nossa região e o fenômeno se repete, e, mais uma vez todos aguardam a providência divina para que mande chuva. Ela chegando, em poucos dias a caatinga se transforma em um verde que dá gosto ver. A transformação também se dá no espírito do sertanejo. A alegria é visível, o sertão entra em festa e todos os problemas que a seca provoca são esquecidos e a vida se renova. E se as chuvas não chegarem, que não é nenhuma surpresa e todos que ali vivem já estão cansados de passarem por esta amargura. O que fazer para minimizar os efeitos da Seca?
As ações emergenciais ajudam, mas não podem fazer esquecer a necessidade de se criarem alternativas eficazes e permanentes para combater o problema. A construção de cisternas é uma delas. Uma cisterna com capacidade de 15 mil litros pode abastecer uma família de cinco pessoas por sete a oito meses de estiagem.
Para alimentação dos animais de criação, não se pode esquecer que a plantação de algaroba passou a ser vista como alternativa de produzir ração. A construção de silos é outra alternativa de se armazenar alimentos para serem utilizados durante a seca, período em que a escassez de alimentos é muito grande.
A limpeza e revitalização dos açudes existentes são necessárias. Há de muito que não vemos na nossa região, a atuação do Governo Municipal em abrir um açude, ou mesmo recuperar e revitalizar os existentes como o de pedregulho, boi brabo na melancia, o da Ruylandia que virou deposito de lixo e o centenário tanque da nação. Estão todos abandonados.
A Câmara Municipal através dos vereadores que foram eleitos para representarem o povo deveria estabelecer a obrigatoriedade através de projeto de Lei para que o executivo municipal, na proposta orçamentária anual destinasse verba especifica para limpeza e revitalização dos açudes existentes na região. Certamente, o sofrimento dos que vivem na zona rural seria menor em épocas de prolongada estiagem.
Como disse o ex-craque de futebol e hoje deputado federal Romário. “Os todos poderosos, não interessam aprimorar a cidadania por meio de uma vida digna. Ignorância e a miséria significam voto certo, voto de cabresto”.
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