Em Irecê as perdas na lavoura passam de 80%.
Para muitas comunidades do sertão da Bahia, o caminhão pipa é a única fonte.
Nos pastos, pouca comida, o capim já secou. O gado está morrendo de fome. O jeito é carregar a palha do milho que o sol não deixou colher. É assim que o pecuarista João Farias, de 94 anos, tenta salvar os bezerros. “Se o gado enfraquecer e começar a cair, tá morto.”, diz.
Na região de Irecê, a que mais produz feijão no nordeste, as perdas na lavoura passam de 80%. Há escassez de água até no subsolo. Poços artesianos secaram. Os que ainda funcionam já dão sinais de que também estão se esgotando.
“Se daqui até o dia 10 de abril não chover, pode levantar as mãos para o céu e pedir a Deus que tenha piedade de nós”, conta o agricultor Assunção Fraga.
Para muitas comunidades do sertão da Bahia, o caminhão pipa é a única fonte. E quem recebe a água que ele traz tem a obrigação de dividir. O trabalhador rural João Souza disse que 40 famílias se abastecem em sua casa. “Ao todo são 120, 130 pessoas. A água é fraca, mas dá. Quando o caminhão demora o povo passa sede.”
Na barragem de Mirorós uma reserva acumula 170 milhões de metros cúbicos de água. O lago se espalhava por quinze quilômetros. Encolheu tanto que não passa de três quilômetros.
“Desde que foi inaugurada, há 28 anos, essa barragem nunca desceu 33 metros. Está muito abaixo até do limite mínimo previsto na régua de medição. Hoje, o reservatório tem apenas 8% do volume normal. Se descer mais três metros o abastecimento da região entra em colapso”
“Nós temos que ter agora essa prioridade para o abastecimento humano, sob pena de interrupção total do fornecimento em no máximo 6 meses.”, disse o gerente da Embasa, Raimundo Neto.
São 14 cidades atendidas pela barragem. Na maioria dos povoados da área, água, só dois dias da semana. O canal que abaste a produção irrigada logo vai secar e o fornecimento para os 220 lotes do projeto já foi cortado.
Os produtores colhem os últimos cachos das bananeiras que foram plantadas no ano passado. Os plantios mais novos não vão produzir.
“A gente tá acostumado a plantar e colher, agora sem água não tem como colher.”, agricultor Cláudio Pinheiro.
Dos 417 municípios da Bahia, 186 já decretaram situação de emergência. São mais de 2 milhões de baianos sofrendo com a falta de chuva.
Fonte: G1
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