A seca trouxe a crise consigo, cabe agora administrá-la

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A seca que neste momento assola mais de 2 milhões de baianos, não surgiu por acaso e nem deve ter pego as autoridades desprevenidas. Ao contrário, sua agudez prevista para 2012 foi prospectada há mais de 40 anos e, certamente os governos federal, estadual e municipal, por terem consciência tanto da sua ocorrência, como da limitação das estrutura de reservação de água, torcem ainda hoje para que São José, São Pedro ou mesmo Oxalá derramem suas bênçãos sobre o semiárido, fazendo com que as chuvas caiam e tragam a paz para este contingente de sertanejos que estão com sua sobrevivência duramente ameaçada.

Segundo o professor Manoel Bonfim, a cada 26 anos ocorre uma grande seca, como aconteceu a de 1979/84, naqueles anos, os diversos órgãos dos estados nordestinos receberam antecipadamente relatórios alertando para o que iria ocorrer. O fenômeno também se repetiu sistematicamente nos anos 1582/84 – 1777/80 – 1930/33 1957/59.

A Bahia com 417 municípios, sendo 267 destes situados na região semiárida, formando assim um território com mais de 320 mil km quadrados, área praticamente igual ao semiárido dos outros estados do nordeste, juntos.

Pelas previsões mais otimistas, as chuvas na maior parte dessa região só viram a partir do mês de novembro, mesmo assim, em volume insuficiente para suspender definitivamente os efeitos danosos da seca, pois, ainda segundo especialistas, esta estiagem se prolongará pelos anos de 2012 e 2013.

Uma vez instalada a crise, compete aos governos organizar suas estruturas e recursos para que a ajuda chegue imediatamente a quem precisa. Quem tem fome tem pressa! Não pode neste momento, apegar-se ao desconhecimento de uns, à insegurança de outros para dificultar o envio da indispensável ajuda humanitária.

As dificuldades por que passam a maioria dos habitantes destes municípios, se estendem aos comerciantes. Sem o poder de compra do agricultor, o comércio local também sofre prejuízos econômicos, daí a importância de que os recursos financeiros destinados a um determinado município sejam prioritariamente aplicados no comércio deste mesmo município, assim o impacto positivo é mais imediato.

Deve-se também evitar o excesso de anúncios de distribuição de água e alimentos, a informação deve ser simples, direta e no momento adequado, caso contrário, a imagem de flagelo pode gerar maior intranquilidade na população e, por consequência aumentar a pressão sobre os prefeitos, sem que estes disponham de recursos para fazer frente às necessidades mais imediatas, abrindo assim um caminho para ocorrência de saques de gêneros alimentícios em estabelecimentos comerciais.

Com o agravamento da situação, em muitas cidades de grande porte, como Vitória da Conquista, por exemplo, poderá já não haver água para o consumo dos mais de 300 mil habitantes em poucos dias. A prefeita de Capim Grosso renunciou ao mandato alegando incapacidade de enfrentar os problemas que o município vem passando pela falta de água. A cada dia outros fatos em municípios distintos vêm à tona, como à morte de animais, o êxodo da população rural, a desnutrição infantil, plantações abandonadas, etc. Pior, é que esta tendência tende a aumentar.

Portanto o assunto seca neste momento, já se configura como uma crise instalada, e como tal deve ser tratada. Seria sensato, que os governos buscassem alocar num centro gerenciador de crise, todas as suas decisões, e reunissem profissionais/autoridades das mais diversas áreas, a exemplo de comunicação, jurídica, saúde, assistência social, defesa civil, meio ambiente, etc. centralizando todas as definições inerentes à crise, em um único Plano de Contingência. (Antonio Rodrigues dos Santos. Assessor Especial da UPB)

 

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