Por: Henrique Mendes
Dos quase 9,9 milhões de eleitores na Bahia, aproximadamente 264 mil têm entre 16 e 17 anos
“Na época da ditadura vi jovens irem às ruas e alguns artistas serem exilados. Todos aspiravam um futuro melhor. Hoje, a juventude é menos ativista, talvez seja pela descrença nos políticos, que têm se mostrado, em muitos casos, desonestos”. O depoimento da dona de casa Tereza Pereira Cardoso, 71 anos, repercute o pensamento de uma geração de ativistas políticos, que consideram que a juventude brasileira está mais apática às mazelas públicas.
O professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e cientista político, Jorge Almeida, contrapõe esse discurso ao dizer que ambos os períodos não podem ser confrontados. ” O que se ouve sobre um menor engajamento dos jovens em movimentos políticos parte de comparações com momentos extraordinários da história (como o impeachment de Collor e o período da Ditadura). Nestes momentos, as circunstâncias causavam estas pressões”, analisa.
Para o também professor da Ufba e cientista político, Paulo Fábio Dantas Neto, o que pode ser considerado problemático na democracia em que vivemos é a desconexão da política com o social. “Quando a democracia começou a ser construída, os movimentos sociais tinham motivações políticas. Era da classe estudantil, inclusive, que muitos nomes surgiam para atuação na vida política. Hoje, nos movimentos sociais predomina uma visão antipolítica”, explica.
Conforme Paulo Dantas, estes casos podem dar uma impressão de passividade, mas também afirma que esse não é um problema da juventude. “Na verdade, os partidos políticos é que devem criar estratégias para atrair esse público (jovem). Nisso eles têm falhado”, argumenta.
O servidor público federal Antônio Bonfim Moreira, 50 anos, que viveu o período da ditadura militar, concorda com Paulo Dantas. “A juventude defende com sabedoria seus interesses. Hoje, inclusive, por meio das redes sociais. Os partidos é que têm ações muito lentas para atrair este público. Parece haver um tipo de reserva neste sentido”, acredita.
Novos eleitores – Enquanto o ativismo político da juventude vem sendo questionado, o número de jovens eleitores tem crescido, principalmente entre aqueles em que o voto é uma decisão opcional.
Na Bahia, números apurados até maio de 2012 mostram que, dos quase 9,9 milhões de eleitores do Estado, aproximadamente 264 mil têm entre 16 e 17 anos. Segundo dados da Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o número de votantes nesta faixa etária, em 2011, era de 131 mil.
Cássio Santana, 16 anos, aluno do segundo ano do ensino médio do Colégio Integral, lamenta não ter conseguido fazer o título de eleitor em tempo hábil. “Eu até queria votar, acho importante, mas acabei perdendo o prazo. Votando, nós decidimos o que queremos para o nosso futuro, para a sociedade”, diz.
Já o estudante do segundo ano do ensino médio Marcus Vinicius Souza, 16 anos, conseguiu fazer o título de eleitor e está ansioso para votar pela primeira vez. “É uma forma de mostrar que fazemos parte da sociedade, que temos voz. Se a pessoa escolhe não votar, está também deixando de lutar pelos seus direitos, de lutar por um lugar melhor para viver”, afirma.
Fonte: ATARDE on line
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