Por: João de Tidinha
Sempre tive muito interesse durante a minha vida profissional sobre os diversos tipos de liderança e de encontrar o real significado dessa palavra.
Ocupei vários cargos de gerência e ao mesmo tempo também fui gerenciado, num princípio de hierarquia. Nas empresas e entidades nas quais tive a oportunidade de contribuir profissionalmente (Banco Econômico, Empresa de Correios e Telégrafos, COELBA, Secretaria de Planejamento do Estado da Bahia, União dos Municípios da Bahia – UPB, Prefeitura Municipal do Salvador e Secretaria de Combate a Pobreza), convivi com vários tipos de chefias. Alguns, verdadeiros líderes, outros, apenas chefes.
Observei que definir o significado de liderança, não é uma tarefa das mais fáceis, até porque, cada um de nós tem experiências, valores, interesses, motivações, anseios, preferências e convicções diferenciadas.
Nos diversos seminários que participei sobre planejamento, gerencia participativa por objetivos, escutei uma definição que ficou na minha mente:
“Líder é aquele capaz de formar outros Líderes”
Acredito nesta afirmação, respeitando a opinião dos outros, não colocando, entretanto, esta afirmativa como verdade absoluta.
A propósito, o cineasta espanhol Luiz Buñuel costumava dizer “Daria minha vida por um homem que esteja em busca da verdade, mas desprezaria com toda minha indiferença um homem que acredite haver encontrado a verdade”.
Pesquisando sobre o tema Liderança, encontrei algumas definições muito interessantes que podem servir para reflexões e comparações com as nossas experiências pessoais:
1. Vôo do Búfalo
Este é o título do livro de James A. Belasco & Ralph C. Stayer. Estes dois profissionais ilustram de uma forma bastante interessante a importância e o valor de uma liderança realmente orientada para o desenvolvimento das pessoas. O livro apresenta e confronta o novo e velho paradigma de Liderança.
Segundo Belasco & Stayer, durante muitos anos as pessoas foram treinadas a acreditar que liderança era planejar, organizar, coordenar e controlar. Esse modelo funciona, ou funcionava, na maioria das organizações, muito semelhante a uma manada de búfalos.
A razão é que os búfalos são seguidores absolutamente fiéis de um líder. Eles fazem tudo que o líder quer que façam, vão para todos os lugares que o líder determina.
Nesse tipo de liderança, o líder quer que as pessoas façam exatamente o que ele, diz, pensa e age. Qualquer desvio de rota ou ação contrária ao “Grande-Homem”, o castigo fatalmente acontece.
Dessa forma, os chamados “líderes de búfalos” acreditam de boa fé, que estão assegurando que os liderados sejam leais, quando na realidade são submissos. A submissão é vista como respeito, quando na realidade representa “medo”, “temor”.
O líder de búfalos adora ser o centro do poder, na crença que é esse o seu verdadeiro trabalho. Quando ele não está presente, os “liderados” não sabem o que fazer, e ficam zanzando à espera de uma nova ordem. Relaxam e sentem-se aliviados, mas perdidos, sem a presença do Chefe.
O interessante nesta história de búfalos, é que os primeiros colonizadores da América do Norte identificaram esse fenômeno e puderam dizimar inúmeras manadas de búfalos com enorme facilidade: bastava matar o líder da manada.
Na ausência do líder, os “liderados” não sabiam para onde ir, sendo massacrados sem maiores problemas.
Infelizmente, ainda ouço de alguns Gerentes a seguinte afirmativa: quando não estou presente, nada funciona nesta Empresa.
É importante lembrar que, como líder, o importante não é o que acontece quando você está presente, mas sim ausente.
Em complemento com o “Vôo do Búfalo”, de Belasco & Stayer, identifiquei outro modelo organizacional de liderança, denominado “Vôo dos Gansos”, que transcrevo a seguir.
2. Vôo dos Gansos
Você sabe por que gansos, quando voam, sempre estabelecem uma formação “V”? Vamos a algumas descobertas da ciência:
a) À medida que cada ave bate suas asas, ela cria uma área de sustentação para a ave seguinte. Voando em formação “V”, o grupo inteiro consegue voar, pelo menos 71% a mais do que se cada ave voasse isoladamente.
Pessoas que compartilham uma direção comum e um senso de equipe atingem resultados muito mais rápidos e facilmente.
b) Quando o ganso líder se cansa, ele vai para a parte de trás do “V”, enquanto outro ganso assume a ponta.
O revezamento de esforços permite avançarmos mais facilmente nas tarefas árduas.
d) Os gansos de trás grasnam para encorajar os da frente a manterem o ritmo e a velocidade.
Incentivo e estímulo são fundamentais quando queremos manter ou melhorar o ritmo e a velocidade de nossas empreitadas.
e) Quando um ganso adoece ou se fere e deixa o grupo, dois outros gansos saem da formação e seguem-no para ajudá-lo e protegê-lo. Eles o acompanham até suas condições melhorarem e, então, os três reiniciam a jornada, juntando-se à outra formação, até encontrar o grupo original.
Gansos, uma metáfora onde a solidariedade nas dificuldades é fundamental para o sucesso na jornada.
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