RISCOS DA REELEIÇÃO

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Por: Elias Botelho (*) 

 

Em muitos municípios quando o mandato era de 6 e depois quatro anos, os prefeitos agiam como nos filmes de Hollywood, no início,  muita ação, depois tudo se acalma e quando o espectador/eleitor começa sentir o marasmo, outras cenas de ação aparecem. Noutras palavras, no início do governo iniciava algumas obras que inaugurariam no final do mandato,  justamente para beneficiar seu candidato a sucessão. Com a reeleição, muitas obras começam nos primeiros quatros anos sem sua conclusão, gerando uma expectativa aos eleitores  de que tudo será terminado no seu  próximo mandato. Os eleitores votam, e, em muitos casos,  são obrigados a ouvirem a seguinte frase: “quem não mente para o povo não se elege de novo”.

A reeleição nascida no governo Fernando Henrique Cardoso, em tese,  foi um avanço democrático.  Sua defesa teve como escopo várias nuances.  Como diziam que FHC realizava um governo ímpar, cinco anos apenas, era pouco. A história mostrou o contrário.  O que se viu foi um baixo crescimento do país, devendo o mundo inteiro, desemprego, privatização, etc. Ao contrário dos primeiros 4 anos, que diga-se de passagem, houve avanços, mas desastroso no segundo.

Para alguns defensores da reeleição, era oportunidade de dar ao governante uma nova oportunidade para mostrar mais serviços. Era um incentivo que se dava ao Presidente, Governador e ao Prefeito para que fizessem um bom governo. No entanto,  na prática não é isso que vem ocorrendo. Com raras exceções, a reeleição  não tem sido benéfica aos brasileiros.

Tal análise que faço, tem como base as eleições deste ano aqui no Brasil  para  Prefeito, Vereadores e nos  Estados Unidos da América, com a reeleição de Barack Obama. Por lá, mesmo com todo o sistema de civilidade, há uma certa disparidade para o  pleito Presidencial. Agora, imagine no Brasil, onde boa parte dos eleitores ainda carece de um aprendizado escolar. E o mais agravante nisso tudo é saber que em centenas de municípios seus moradores dependem diretamente destes.

Quando não havia o instituto da reeleição, o país pode ver e ouvir de um certo Governador a frase: “quebrei o Estado de São Paulo, mas fiz meu sucessor”.  Orestes  Quércia fez de tudo para eleger Luís Antônio Fleury Filho, não se importando com o prejuízo que causou ao seu Estado. Fatos como este era comum para eleger um correligionário, imagine hoje,  quando se busca a própria reeleição. É um verdadeiro abuso da máquina administrativa. O eleitor talvez não saiba o mal que pode estar fazendo quando tenta dar mais uma oportunidade ao governante.

Fora  as considerações feitas acima, existem outros fatos que desautorizam, a meu ver,  a reeleição.  O comodismo  e a inércia são outros fatores que não foram até aqui reportados,  mas têm decepcionados  os eleitores de milhares de cidades que reelegem seus  Prefeitos e Governadores. Não importam de que partido pertençam os seus  reeleitos, com raríssimas exceções, repetem um bom governo.  Isso é a história que vem mostrando; não sou eu. O meu pensar é de que   deveria ser  um mandato sem reeleição  em  um tempo considerável.

Elias Botelho é advogado e escritor.

 

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