A atitude dos corruptos na política

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Por: João de Tidinha

Já ouvi de muitas pessoas a expressão “não gosto de política”, ou até expressões mais duras, tais como: “os políticos são todos corruptos”, “políticos são todos uns cachorros, só muda a coleira”, etc. Essas reações demonstram que as pessoas, na verdade, não gostam das pessoas que exercem a profissão ‘política’, pois estão desiludidos e perderam a capacidade de se indignar com tanta corrupção e impunidade.

Em uma matéria, intitulada “Será que alguém vai em cana?”, (Publicada em o GLOBO em 2012) do falecido escritor João Ubaldo Ribeiro ele ressalta sua indignação sobre a corrupção na política e afirma que, em sua maioria, a população raramente repudia a atitude dos políticos corruptos, os políticos profissionais. Segundo ele, “somos compreensivos, fazemos folclore em torno dele, damos risada de sua ladinice, manifestamos não tão relutante admiração pelo seu talento, criamos e figura jovial e simpática do “rouba, mas faz”, não achamos nada de mais em se ser visto na companhia dele’’.
Segundo João Ubaldo, “nós hierarquizamos pelo avesso o furto do dinheiro público. A julgar pelo que poderíamos chamar de nossa postura coletiva, meter o gadanho, por qualquer meio, no patrimônio público é o menos grave de todos os furtos. Ainda agimos como se o dinheiro público caísse do céu e, portanto, furtá-lo não prejudica ninguém. Mas é claro que, tão logo paramos para pensar, somos levados a concluir que o furto que atinge toda a coletividade é mais grave, não pode deixar de ser o mais grave e, por consequência, o que mais séria punição merece e o que maior repulsa justifica.”

E diante desse cenário, João Ubaldo nos proclama a prática da tolerância zero para os corruptos. Segundo ele, “a sociedade tem de encarar o desvio de dinheiro público, em qualquer forma, com tolerância zero. Concretizá-la inteiramente é talvez impossível, considerando-se a famosa natureza humana. Mas é possível tê-la sempre em mente e aplicá-la sempre que se oferecer a ocasião. Acho que ninguém, a não ser os beneficiários dos desmandos, discorda de tolerância zero para quem nos rouba, nos condena ao atraso e causa tanta miséria e infelicidade. Ou seja, devemos ter esses inimigos públicos em conta inferior à de qualquer vagabundo ou ladrão de quintal. Este, além de roubar pouco e talvez nunca ter conhecido outro horizonte na vida, não achincalha as instituições, não debocha da lei e da justiça e não exibe cinicamente uma fortuna que todos sabem que não ganhou honestamente. Chega de eufemismos e de reverência indevida, o nome certo é ladrão e o nome do ato é furto, mesmo que venha sob a alcunha artística de peculato ou qualquer outra.” 

No próximo mês de outubro a população brasileira escolherá os novos prefeitos e vereadores da cidade ondem vivem, trabalham e criam seus filhos.

Portanto, na hora de votar, reflitam sobre tudo isso e analisem bem a quem vocês darão o seu voto e lembrem-se “se você não gosta de política saiba que é governado por quem gosta.”

 

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