De francisco leali, coordenador na sucursal de O globo em Brasília
O candidato que vai se apresentar a você na campanha eleitoral é ele mesmo? Reza a lenda no mundo da marquetagem que, alguns mais outros menos, os pretendentes ao cargo de presidente da República precisam passar por uma maquiagem. A versão 2018 dos presidenciáveis já começa a ser esboçada. Líder nas pesquisas, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) ainda é exposto sem retoques: está à direita, e reafirma isso em cada material que expõe ao público. Ele se diz independente de tudo, mas seu partido está no topo da lista de votos seguindo as orientações do governo de Michel Temer e ainda cortejou o apoio do centrão na campanha.
A imagem vendida de Marina Silva (Rede) também não parece ter mudado muito. Como anuncia sua propaganda: tem origem humilde, foi premiada no exterior pela luta ambiental e virou ministra. O vídeo que postou nas redes sociais só evita dizer que o cargo no Executivo foi na gestão de Lula.
Já Ciro Gomes (PDT) apagou a tentativa de apoio do centrão. Guinou à esquerda, e prometeu soltar o ex-presidente Lula se for eleito. Seu material de campanha não conta que ele já foi do PDS, do MDB e também do PSDB.
Depois de ataques a Bolsonaro, a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) nas redes sociais apela para a experiência administrativa do tucano. Num vídeo, o recado parece ir para quem já escolheu outra opção: “Seu candidato está preparado? Geraldo Alckmin, preparado para o Brasil”. E nenhuma palavra sobre o fato de o centrão, que hoje fecha formalmente o apoio ao tucano, ter sido do mensalão petista.
É dando que se recebe
O centrão anunciou que oficialmente vai com Alckmin. Resta saber os limites do apoio ao tucano. Vale a lembrança do colunista Merval Pereira. Na origem, o grupo foi constituindo sob o lema do “é dando que se recebe”. A apropriação da máxima franciscana pelo mundo político escondia objetivos aparentemente mais pecaminosos do que abnegados.
Informações de O GLOBO
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