A globalização da solidariedade em busca de vacina contra a Covid-19

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União Europeia cria fundo mundial para apoiar pesquisas de combate ao novo coronavírus

Editorial

07/05/2020 – 00:00

A pandemia do novo coronavírus, surgida provavelmente no fim do ano passado, na China, pôs o mundo inteiro numa situação, se não inédita, rara na história da Humanidade. Pela facilidade com que se dissemina — fator potencializado pela mobilidade entre cidades e países num mundo globalizado — e pelo considerável grau de letalidade, o Sars-CoV-2 tem provocado estragos em todos os continentes, causando mortes aos milhares, paralisando os sistemas produtivos e fazendo as economias desabarem.

Até agora, não existe forma de pará-lo. Daí governos do mundo inteiro terem decretado quarentenas que, se não resolvem o problema, ao menos reduzem a pressão sobre as redes de saúde, incapazes de absorver tantos pacientes em tão pouco tempo, especialmente numa doença que exige longo tempo de internação e, em parte dos casos, tratamento em UTIs.

A esta altura parece claro que na dura batalha contra a nova doença não há lugar para isolacionismos, até porque o vírus desconhece fronteiras, como provado. Ao contrário, talvez nunca o mundo tenha trocado tantas informações sobre uma doença. Cada pesquisa, cada descoberta, cada terapia testada, bem-sucedida ou não, é compartilhada. E pode significar um passo adiante.

Nesse sentido, é louvável a iniciativa da União Europeia, que, na segunda-feira, anunciou a criação de um fundo mundial para dar suporte ao desenvolvimento de uma vacina e de medicamentos eficazes contra a Covid-19. De imediato, o movimento, que, ressalte-se, não está restrito à UE, arrecadou 7,4 bilhões de euros (R$ 45,4 bilhões), bem próximo do total pretendido pela Organização Mundial da Saúde (7,5 bilhões).

Na lista de doadores, destacam-se a Comissão Europeia (um bilhão de euros); Japão (762 milhões); Canadá (551 milhões); Alemanha (525 milhões); França (500 milhões); Arábia Saudita (456 milhões); Itália (150 milhões); Espanha (125 milhões) e Israel (60 milhões). A Fundação Bill & Melinda Gates contribuiu com 91 milhões, e Madonna, com um milhão. No longo rol de doações, não figuram EUA e Brasil.

Não é a única iniciativa global de combate à doença. A Fiocruz, por exemplo, participa, junto com instituições científicas de outros países, de pesquisas sobre a eficácia de medicamentos já existentes contra a Covid-19.

Os números no mundo — 3,7 milhões de infectados e 260 mil mortos — são eloquentes o suficiente para demandarem soluções globalizadas para a doença, ainda pouco conhecida. Ninguém vencerá sozinho o novo coronavírus. Mas o mundo, atuando de forma integrada e com apoio de organizações multilaterais, é capaz de derrotá-lo.

Fonte: O GLOBO

 

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