Por: João de Tidinha
Se o título dessa matéria fosse verdadeiro, previsto como uma exigência da Lei, tenho certeza que os sistemas de saúde e de educação do nosso Município não seriam tão precários como os atuais.
O poder legislativo (vereadores) e o executivo (prefeita) são responsáveis pela elaboração das Leis e pela sua aplicação/execução.
Sendo assim, seria do interesse da população de baixa renda termos no nosso Município uma Lei dispondo o seguinte:
Artigo 1° – Durante o exercício do mandato do prefeito, vice-prefeito e vereadores e seus familiares, assim entendido o esposa ou esposa e seus filhos, utilizarão obrigatoriamente o sistema de saúde e de educação existente no Município.
Parágrafo Único – O descumprimento do disposto neste artigo implica na perda do mandato.
Somente assim a população mais carente teria alguma chance de ter um atendimento médico decente e de um melhor sistema educacional para os seus filhos. Somente assim as prioridades dos políticos mudariam.
O que temos visto são os políticos priorizarem as obras de fachadas (ex: praças, fontes luminosas, estátuas, pinturas de prédios, etc.) para obterem votos, ao invés de promoverem melhores condições de saúde e educação para a população.
Temos ouvido vários casos de pacientes que morrem na estrada a caminho de hospitais na capital ou em outras regiões vizinhas, por não conseguirem atendimento médico no nosso Município. Ouvimos com freqüência que até para um simples procedimento ortopédico, o HMACM transfere pacientes para atendimento no vizinho hospital de Monte Santo. Temos ouvido também casos de várias gestantes tendo filhos nos carros, também devido à procura de atendimento em outros locais. Não acreditamos que seja por falta de recursos no município para contratação de médicos especialistas, pois Euclides da Cunha tem arrecadação superior ao dos municípios circunvizinhos (Ribeira do Pombal, Tucano, Quijingue, Monte Santo, Canudos e Macururê).
Infelizmente a nossa realidade é que os políticos, com honrosas exceções, não gostam de gente nem querem de fato cuidar delas. Eles apenas fingem gostar, principalmente em épocas eleitorais. Neste período, é hora de promover festas com o dinheiro público, de apertar mãos e prometer-lhes coisas que não vão cumprir. Eles não têm interesse em dar melhores condições de vida para os mais carentes. Preferem manter a condição de total dependência do povo, que vive a pedir e agradecer por aquilo que eles têm direito.
Como já mencionado, os investimentos em saúde, educação e também em saneamento básico não são as prioridades dos políticos. Estes investimentos não dão resultados visíveis e imediatos para a população e não geram votos. Os resultados desses investimentos são de médio e longo prazo. Porém, para o político o que interessa é a próxima eleição e não a próxima geração. Quanto mais eleitores desinformados dependentes, carentes e sem emprego, melhor.
Sendo assim, torna-se importante que a população se organize, questione e principalmente exija dos políticos ações públicas efetivas voltadas para a educação, saúde e também de geração de renda.
Conforme o título inicial dessa matéria, somente conseguiremos uma mudança radical na postura dos nossos políticos se eles e seus familiares fossem obrigados a terem o mesmo atendimento médico e educacional precário que qualquer cidadão comum tem aqui no nosso Município. Tenho certeza que as prioridades deles mudariam, pois nada melhor do que sentir na própria pele o desespero e a carência do povo mais pobre, para entender a urgência da necessidade de mudança. Sem isso, eles vão continuar com a mesma atitude demagógica e eleitoreira. Afinal pimenta nos olhos dos outros é refresco.
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