Por: Samuel Celestino
Bahia Noticias
Não creio que tenham coragem. Mas Lula, Dilma e os petistas estão enveredando por um caminho que leva a supor que desejam calar a imprensa, pisotear a Constituição (o que não seria nenhuma novidade, haja vista a quebra do sigilo na Receita Federal) e impor limites ao exercício da imprensa livre, fator primordial para a sustentação do regime democrático. A imprensa tem defeitos. E muitos. Mas é pior um regime fechado do que essas questões que não atingem a mídia de maneira geral. A tentativa de tiranizar as liberdades passou a ser moda na América do Sul. O poder conquistado por Lula é tamanho que ele, e seu grupo, julgam-se capazes de estabelecer mordaças, aliás, fato que não vem de agora. Já houve tentativas. Agora são as centrais sindicais que programam manifestações para esta quinta feira. Mas não conseguirão. As instituições brasileiras já não são tão frágeis, como antes de 1964. Para golpear, os militares alegaram que desejavam comunizar o Brasil. Para Lula chegar com o PT ao governo, a imprensa foi aliada, quebrando o medo de que os petistas, o PT, ameaçassem as instituições. A questão passou a ser outra. É certo que ninguém gosta de crítica. Preferem-se os elogios e quando a imprensa o faz, ficam felizes. O papel da imprensa, no entanto, não é esse. Temos o dever da crítica, gostem ou não, porque é através da imprensa que a cidadania se manifesta de forma ampla, livre e sem peias. O presidente passou a atacar a imprensa quase diariamente. Quer “extirpar partidos” com alardeou a respeito do DEM, que pode ser nocivo como partido, mas é necessário, como são necessárias todas as legendas, por mais que delas não se goste. De minha parte, tenho confessado o meu apartidarismo, mas não cedo um milímetro, a minha independência, o meu direito à crítica e à minha liberdade. Com todo o poder popular com que se reveste Lula não tem, e se engana se assim pensar, força para quebrar princípios democráticos, para beneficiar o poder que reúne e que quer manter. No momento que tentar, a opinião pública se levantará contra a ousadia de investir contra o Estado Democrático de Direito, do qual a imprensa é base. Pode-se não gostar do posicionamento de um jornal, dois, dez, da mídia, mas não se pode ameaçá-la com mordaça. Luiz Inácio age como um pêndulo: bate e alivia. A imprensa, não, denuncia. E quando denuncia a corrupção, o que se passa em Palácio; quando denuncia mensaleiros; petistas com dinheiro na cueca, a roubalheira do Distrito Federal, a Casa Civil com Erenice e seus parentes em nepotismo explícito e roubalheira suposta, eles não gostam. Como não gostava, aqui na Bahia, o falecido senador ACM quando recebia críticas. Partia para sitiar os jornais, retirando-lhes a publicidade feita com dinheiro público. Achava-se rei. Não foi, nunca foi. Assim, Lula e seus companheiros pensam errado. O dever da imprensa, volto a dizer, é a crítica, não o elogio. O elogio é para os áulicos, a imprensa é para servir e denunciar os absurdos de uma república torta.
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