As eleições de 2010 e a internet –II

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Pelo crescente uso dos ambientes web (sites, blogs, páginas eletrônicas, twitter, comunidades, orkut, facebook, etc) não há dúvida de que, ao contrário do que aconteceu em campanhas políticas no Brasil nos anos anteriores, ainda neste século (2002 e 2006), a internet vai ter um papel de destaque, em 2010, senão fundamental, pelo menos fazendo a diferença em alguns segmentos da população.

Já dito aqui neste Ponto-de-Vista que houve uma evolução enorme desse ambiente on-line democratizando as comunicações e permitindo uma interação maior entre pessoas, comunidades, segmentos científicos e acadêmicos, campos das letras e das artes, jornalismo, e como não poderia deixar de ser, no mundo da política, dos poderes constituídos da República – Judiciário, Legislativo e Executivo. Nesses, então, mais do que nunca. Há um verdadeiro “big-brother”, “el grand hermano”, como narrou Jorge Luis Borges, em “El Aleph”, não escapando ninguém da vigilância do cotidiano.

Mas, além disso, a população espera algo mais dos políticos da safra 2010, no sentido de que apresentem, também, propostas inclusivas da web. Esse é um segmento novo e que tem despertado um grande interesse, sobretudo de uma faixa mais jovem da população e que está se preparando para ingressar no mercado de trabalho de TI – Tecnologia da Informação – com áreas e campos ainda enormes que estão sendo explorados e vão substituir os mecanismos tradicionais.

Não precisa ir muito longe para ver essa realidade na Bahia. Em Feira de Santana, a Prefeitura dissemina uma rede “Cidade Digital” instalando pontos de intercessão à rede web, gratuitamente, e a agenda e o monito-ramento nas unidades de saúde são realizadas on-line com melhor monitoramento das ações e a oferta de um serviço aos cidadãos sem filas e atropelamentos. Isso faz com que, no decorrer do processo, esses clientes mesmo aqueles de baixa renda e que não têm ainda acessos aos computadores se interessem por eles e passem a operá-los.

Vai acontecer à mesma coisa que se deu com os telefones celulares. De início, um sistema usado pela classe média alta e que depois se disseminou em todo país a ponto do Brasil ter uma taxa de quase 85 em grupo de 100 que dispõem desse equipamento. Nesse final de semana último, por exemplo, fui comprar uma porção de castanhas num vendedor de praia, no calçadão de Vilas, e tocou o celular. Pensei que era o meu. Mas, nada, era do rapaz das castanhas que deu uma informação à sua família, no interior da Bahia. No Estado, hoje, há cerca de 700 a 750 centros digitais públicos gratuitos instalados em 409 municípios faltando apenas 8 para a universalização do sistema na Bahia, com território de 500 mil km quadrados, do tamanho da França, e com imensas dispa-ridades regionais. Alguns desses centros estão interligados com programas com ONGs e outros na área de treinamento e capaci-tação de jovens. Há, ainda, na iniciativa privada mais de 3.000 centros digitais (lan-houses, cyber-cafés e outros). Só em Itinga, que é um bairro de Lauro de Freitas, existem 11 delas.

Um estudo feito recentemente pela Agecom através de um Instituto de Pesquisas revelou que a internet já é o terceiro meio de comunicação (ambiente) através do qual as pessoas se informam no mundo da política administrativa, de gestão dos governos e outros. Em primeiro vem a TV, com 60%; em segundo o rádio, com 29%; em terceiro a internet 10%; e em quarto os impressos (jornais) com 5%. A lógica em processo de evolução são as diferentes formas de prestações de serviços pelos E-commerce; E-governo; E-investimentos; etc, etc, e as redes inteligentes ou smart grids.

Não há pra onde correr. O E-commerce ou varejo eletrônico cresceu 48% ao ano e ampliou sua linha de ofertas numa velocidade impressionante, desde a venda de livros e CDs, a camisetas, exames de DNA e até, caso dos países onde a droga é liberada, sementes de maconha. No Brasil este comércio já contabiliza algo em R$20 bilhões em negócios e deve fechar 2010 com o dobro disso.

Análises técnicas apontam que o “Big-Bang” da internet, a computação em nuvem ou embrião da inteligência coletiva, vai ditar as normas da contempora-neidade. A própria crise financeira mundial sairá com outra cara quando atravessar o “rubicão”, porque o preço de saber tudo e informar tudo normatizará o controle das instituições. É a nova era que chega com marco zero em 2010, uma vez que essas plantas foram instaladas há 20 anos e agora estão maduras para entrarem em ação.

Então, a população espera dos políticos baianos à campanha majoritária de 2010 propostas nesta direção. Não vale mais falar só em construir hospitais e escolas. São essenciais, mas, coisas do passado. O SAC que já foi modelo de gestão vai acabar na concepção atual. Porque? Por que o E-governo exige que o serviço seja prestado ao cidadão on-line e ele não precisará ir mais ao Iguatemi ou ao Barra tirar um documento.

Autor: Tasso Franco
Transcrito da Tribuna da Bahia

 

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