As eleições e a nova Bahia

, , Leave a comment

Armando Avena Escritor, economista e membro da Academia de Letras da Bahia armandoavena@uol.com.br

Outro dia um amigo comentava que as eleições na Bahia estavam muita mornas e sem empolgação. A culpa é da democracia, respondi de imediato,e é bom que seja assim. Na verdade, a emoção vai aumentar, especialmente quando começar o horário eleitoral, mas, apesar disso, é bom saber que o exercício da democracia está fazendo do processo eleitoral apenas mais um evento na vida de um país. Nos países desenvolvidos, acostumados com a democracia, às eleições despertam pouca atenção, e muitas vezes o eleitor sequer vai votar, quando não é obrigado por lei. Isso acontece porque a estabilidade democrática e econômica induz a que os candidatos apresentem propostas mais ou menos semelhantes e reduz os “aventureirismos” e os “radicalismos”.

Houve um tempo em que as eleições na Bahia eram mais emocionantes do que uma luta entre Cassius Clay e Joe Frazier, mais divertidas do que um programa do CQC e mais emocionais do que as novelas da Globo e isso era o espelho de uma estrutura política ainda marcada pelo autoritarismo e por doses cavalares de personalismo. As eleições de então eram regidas a choros e ranger de dentes e as facções se engalfinhavam como numa guerra, comportamento típico de países infantes no exercício democrático.

Hoje esse tipo de comportamento perdeu o sentido, pois o autoritarismo das denúncias pessoais ou o “alopradismo” da confecção de dossiês não interessa ao grande público. A Bahia já não aceita comportamentos caudilhescos ou ataques pessoais como forma de angariar votos. Aliás, é preciso reconhecer que a postura do governador Jaques Wagner contribuiu para estabelecer esse clima ameno no processo eleitoral. Wagner é um “homem cordial”, um democrata que admite o contraditório e que não se vinga de quem se posiciona de forma contrária aos seus métodos e suas idéias. E os demais candidatos também parecem dispostos a levar a campanha nesse tom. Que seja assim, afinal, em se tratando de eleições, a Bahia não quer emoções fortes, nem fofocas intermináveis, quer propostas que possam resolver seus problemas.

Transcrito do Jornal ATARDE – Edição de 30/07/2010

 

Leave a Reply