ATAYDE; honra e prejuízo

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“Se dois de vocês apontarem um nome, este nome será o nome do candidato.” “Ele sabia que era impossível que naquele grupo alguém apontasse dois. Eu, por exemplo, fui vice de Zezão e tive o Renato como vice. Sei o que sofri com os dois”. Espeta! “Diante disso, vou aproveitar para corrigir uma injustiça. Não foi o Zé Nunes quem lançou a candidatura da Fátima.

Aos 62 anos, semi-aposentado das atividades comerciais após fechar as portas da sua tradicional casa Atayde cujo imóvel acaba de ser locado à Prefeitura, Atayde José da Silva, foi um dos “José” que administrou o município de Euclides da Cunha (a grande maioria dos que aqui foram prefeitos chamava-se José). Eleito vice-prefeito entre 1993 e 1996, tendo como prefeito José Raimundo Moura da Costa, o “Zezão, prefeito entre 1997 e 2000, tendo como vice Renato Campos, a trajetória de Athayde confunde-se com a do município e a de seus pares que o administraram nos últimos 30 anos.

Oriundo de uma família humilde e batalhadora tem uma respeitável história de vida. Comerciário, cobrador de ônibus, telefonista entre outros empregos simples, Atayde construiu patrimônio e prestigio que o incluíram no centro do poder de uma cidade que costuma receber de braços abertos aqueles que aqui chegam em busca de uma vida melhor. Nascido na localidade de Riacho da Onça, município de Queimadas onde também nasceu outro ex-prefeito, o falecido José Bezerra Neto (olha outro José aí). Atayde brinca lembrando que os “Riachos têm importância muito grande para Euclides da Cunha. O outro prefeito também José, Nunes Soares, nasceu em Pernambuco numa localidade chamada Riacho Pequeno”. Ri

Em sua confortável residência vizinha à mansão do compadre José Nunes (ele è padrinho do vereador Jules Breno, filho e sucessor político), Atayde recebeu a reportagem de VidaBrasil para falar sobre sua vida, suas realizações políticas, pessoais e, principalmente sobre o momento político que vive o município que já governou.

“Chegamos aqui, na maioria ainda crianças, eu e meus 10 Irmãos. Fomos morar ali perto da Rua da Corrente onde hoje funciona o bar da Joana do Pernambuco. Aquele banheiro baixinho que os clientes do bar utilizam, é o mesmo onde tomavam banho os filhos da D. Lió” (a mãe dele)

Convidado pelo compadre José Nunes, Atayde então no auge com a atividade comercial no setor de materiais para construção, aceitou ser vice na chapa de prefeito encabeçada por José Raimundo Costa, o “Zezão”, para na eleição seguinte ele mesmo eleger-se prefeito tendo como vice José Renato Campos que já administrara o município entre 1983 e 1988.

Setores da população do município costumam nivelar por baixo os prefeitos da nova geração, aquela que começou em 1983 com a eleição de José Renato Campos que foi sucedido por José Nunes que, a partir daí, elegeu-se deputado estadual e passou a ser o grande e único cacique político do município. Pelas suas articulações passaram todos os seus sucessores e até a derrota do candidato Luis Agres de Carvalho nas eleições de 2004. Ficou na história a lenda de que José Nunes foi o melhor prefeito desse grupo. Há quem conteste! O próprio Atayde não se acha inferior e enumera uma série de realizações do seu governo que é reconhecida por analistas políticos que conhecem a história destas administrações.

Segundo Atayde, o primeiro passo da sua administração foi negociar a divida do município com o INSS e o FGTS, o que lhe abriu as portas para a realização de convênios com o Governo Federal, em número de 12, o maior já realizado em uma administração euclidense.

“A minha maior realização foi renegociar e honrar os compromissos fiscais e trabalhistas da prefeitura e, cumprir a Lei que estabelecia o salário mínimo, coisa jamais praticada em Euclides da Cunha. Outra realização da qual me orgulho, é ter instalado num município que há menos de 40 anos sequer tinha um curso de Ginásio, o primeiro curso da UNEB e, no final da minha administração, ver formada em Euclides da Cunha, a primeira turma de pedagogos com nível universitário.

Além disso, basta dar uma volta pela cidade para enxergar as minhas marcas. O forródromo – que por sinal a sua revista equivocadamente creditou em outra reportagem ao Zé Nunes, o Ginásio de Esportes, a Praça do Centro de Convivência dos Idosos… Isso sem falar nas obras sociais que foram efetivadas para melhorar a qualidade de vida dos munícipes mais desassistidos.”

Num impresso datado de março de 2008 intitulado “Informativo EX PREFEITO ATAYDE”,tudo indicava que o “ex-prefeito” parecia ainda ter ambições políticas e alfinetava o compadre Zé Nunes. Perguntado pelo entrevistador se após deixar a prefeitura continuou morando aqui, respondeu: “Nuca tive intenção de mudar daqui. Aqui tenho meu estabelecimento comercial há mais de 30 anos. Meus filhos moraram em Salvador, mas apenas o tempo suficiente para concluírem os estudos, mas voltaram para cá, constituíram família aqui e aqui pretendem permanecer”.

Mas o “sonho de Atayde parece ter sido sepultado no processo para a escolha do candidato à sucessão da prefeita Rosa Abreu. Segundo comenta-se nas rodas políticas, a estratégia do dep. Zé Nunes é jogar os seus correligionários uns contra os outros para no fim “pescar” exatamente aquele que lhe interessa no jogo político.

Atayde não confirma essa prática, mas conta que na escolha do candidato no ano passado, o deputado reuniu as suas lideranças: Renato Campos, Zezão, Lula, Romilda e o próprio Ataíde e vaticinou. “Se dois de vocês apontarem um nome, este nome será o nome do candidato.” “Ele sabia que era impossível que naquele grupo alguém apontasse dois. Eu por exemplo,fui vice de Zezão e tive o Renato como vice.Sei o que sofri com os dois”. Espeta! “Diante disso, vou aproveitar para corrigir uma injustiça. Não foi o Zé Nunes quem lançou a candidatura da Fátima. Como vi que dalí não sairia consenso,sugeri o nome dela. Contrariando as fofocas, quero também a firmar que o Zé Nunes chegou a de fato pensar em ser o candidato.

Mas finalmente achamos que a Fátima seria mesmo a solução”.Conclui.
Hoje Atayde considera-se de fato aposentado da política e enxerga no filho Jules Breno, eleito vereador com 1.154 votos o seu sucessor na política. ”Ele leva jeito. É comunicativo e não herdou a minha timidez. Tem independência para agir. Embora ouça meus conselhos de pai, na política, nem sempre os acata. O padrinho dele (dep. Zé Nunes) não anda muito satisfeito com ele. De vez enquanto vem aqui conversar comigo mas eu sempre digo que ele é independente” Orgulha-se.

Quanto à atual administração Atayde acha que em seis meses ainda não mostrou ao que veio.Até agora nada parece ter mudado o “Zé Nunes tem administrado muitos problemas, mas acho que ele ainda vai acertar,deslanchar e fazer uma boa administração.”

Mas Atayde, afinal quem é o prefeito, a Fátima ou o Zé Nunes? “Bem, de direito é a Fátima.De fato, o Zé Nunes . Ele é que está aí comandando o município”. Mas ele não é deputado? Aliás, a prefeita sempre diz que ele é um assessor 0800 apesar do gabinete dele custar aos cofres do Governo da Bahia algo em torno de cem mil reais/mês. “Eu considero isso um desvio de função. Mas é para o bem da cidade…” Justifica.

E quanto ao futuro político do dep. Zé Nunes, como você vê? Acho que o Zé Nunes vive um momento muito difícil. Ele começou a entrar na fase do desgaste político.A eleição dele não será fácil.Ele vai perder votos em Tucano, em Quijingue, em Pombal,em Canudos, em Macururé e até aqui em Euclides da Cunha. Mas ele buscará outros redutos. Ele é competente. Se perder, embora não tenha procuração dele nem tenha o tenha ouvido dizer isso, imagino que o sonho dele é terminar a carreira política como prefeito daqui”. E os filhos dele? “Não.os filhos dele não têm perfil para a política!”

Pra finalizar, o que você ganhou com a política? “Muita experiência, descobri quem são meus verdadeiros amigos e tive a honra de governar a minha cidade… Em troca, perdi metade do meu patrimônio”

Autor: Celso Mathias
Matéria Transcrita da revistavidabrasil.com.br

 

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