O Brasil está perdendo atratividade para os investidores estrangeiros e vive um quadro inédito de saída de dinheiro do país.
Nos primeiros oito meses de 2020, US$ 15,2 bilhões deixaram o país, o maior volume para o período desde que o Banco Central começou a compilar as estatísticas, em 1982.
Em paralelo, investidores estrangeiros retiraram R$ 87,3 bilhões da Bolsa brasileira de janeiro a 17 de setembro. Outro recorde. O valor é quase o dobro do registrado em todo o ano passado.
Além disso, o investimento estrangeiro no país registra queda de 27% nos primeiros seis meses do ano, comparado ao mesmo período de 2019. Ontem, ao discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que os investimentos cresceram, mas o resultado é o menor em 11 anos.
O que está acontecendo: os efeitos da crise global e as incertezas sobre o controle dos gastos públicos no próximo ano reduziram o apetite pelos ativos brasileiros. Especialistas e gestores afirmam que o avanço de queimadas e desmatamento deve agravar esse quadro.
Entrevista: enquanto não avançar em agenda focada no desenvolvimento sustentável e na preservação do meio ambiente, o Brasil vai deixar de atrair capital de longo prazo, alerta Daniela da Costa-Bulthuis, gestora para o Brasil da holandesa Robeco Asset. “No mundo atual, não é possível conduzir atividade predatória no meio ambiental no longo prazo. A deterioração do meio ambiente é insustentável”, diz.
Aconteceu ontem: os ministérios das Relações Exteriores e da Agricultura defenderam, em nota, a entrada em vigor do acordo entre União Europeia e Mercosul, com alerta sobre agravamento da crise ambiental. “A não aprovação teria, ademais, implicações sociais e econômicas negativas, que poderiam agravar ainda mais os problemas ambientais da região”, diz trecho do comunicado.
Fonte: O GLOBO
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