Não dá para entender a surpresa da deputada federal Lídice da Matta (PSB), candidata ao Senado na chapa majoritária do PT, com o fato de o seu nome não ter aparecido nas pichações feitas em muros de Salvador pelos partidários do deputado federal Walter Pinheiro (PT), também concorrente ao Senado. Deixei passar alguns dias da “bronca” pública de Lídice (feita na semana passada) porque queria ver se iria mesmo haver algum desdobramento (a exemplo da ameaça que ela fez, de desistir da candidatura e disputar a reeleição para a Câmara Federal).
Como nada disso aconteceu e Lídice permanece na disputa para o Senado, explico poque não entendo a surpresa da deputada: é óbvio que os integrantes da corrente petista à qual Pinheiro pertence, a Democracia Socialista, irão dar prioridade à eleição do parlamentar, mesmo que não tenham nada contra a socialista. Acontece que esta eleição para o Senado tem características diferentes de anos anteriores, quando existiam dois, ou no máximo, três nomes com chances reais de se eleger e o resultado final sempre foi a vitória dos nomes da chapa do governado eleito.
Ainda que todas as análises apontem como favoritos os nomes de César Borges (PR), Walter Pinheiro e Lídice da Matta, não dá para desconhecer a força dos demais nomes que estão na disputa ou, pelo menos, de alguns deles, como José Ronaldo e José Carlos Aleluia (ambos do DEM), além do vice-prefeito Edivaldo Brito (PTB) e até de Edson Duarte (PV). Um maior número de candidatos bem votados aumenta o risco da eleição, pela pulverização do eleitorado, que pode causar surpresas.
Além disso, os dois nomes da chapa majoritária estão enfrentando César Borges, cujo nome vem sendo apontado por especialistas e por pesquisas de opinião (aquelas para consumo interno) como líder da corrida ao Senado, o que, teoricamente, deixaria apenas uma vaga sobrando. Mesmo que tais pesquisas e análises estejam sendo feitas a quase três meses da eleição, o que torna imponderável o seu grau de acerto, esta situação torna mais acirrada (apesar dos abraços e palavras gentis entre eles) a briga de ambos e, logicamente, faz com que os partidários de ambos estejam mais preocupados em garantir logo esta segunda vaga.
Feito isto, aí sim, vamos pedir voto também para o aliado.
A intervenção do governador Jaques Wagner, que procurou colocar panos quentes e negar que correntes petistas estejam “rifando” propositadamente o nome de Lídice da propaganda, é natural e o que se esperava mesmo dele. Mas não será a inclusão do nome da deputada nas pichações de alguns muros que irá sinalizar para o fim desta disputa interna, porque político pode aceitar tudo desde que não esteja em jogo sua sobrevivência política.
A menos que o quadro mude e os dois ultrapassem César Borges, a luta real será mesmo em torno da sobrevivência e, se for contida em público, continuará existindo nos bastidores.
Análise do Comentarista Paixão Barbosa – Jornal ATARDE ON LINE
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