Por: Jorge Oliveira
Brasília – Um segurança que fazia a ronda nos corredores do prédio depois das sessões da Câmara dos Deputados, abriu um dos gabinetes e, gentilmente, fechou novamente a porta e saiu de fininho:
– Desculpe, senhor deputado.
O nobre parlamentar estava amassando uma jovem no tapete da pequena sala do gabinete. Nem o flagrante deixou o casal constrangido. Nus, agradeceram o vigilante por fechar a porta, e continuaram a saliência…
Não, não, este não foi o deputado que ao se dirigir ao púlpito da Câmara para fazer um discurso seríssimo sobre a crise econômica mundial deixou cair no meio do caminho uma calcinha com babados branco. Nem aquele flagrado no gabinete da liderança de um partido fazendo sexo com a secretária ao ar livre, numa área do jardim de inverno, enquanto seus pares, na sala ao lado, discutiam o destino do país.
Na Câmara dos Deputados, por onde passam milhares de pessoas diariamente, acontece de tudo. De tudo mesmo. Por lá transitam cafetinas e cafetões, agiotas, lobistas, prostitutas de luxo atrás de futuras pensões alimentícias, empresários, corruptos e até mesmo traficantes de droga. Isso mesmo, traficantes! O jornalista Domingos Meireles, que há pouco tempo fazia o programa Linha Direta da TV Globo, me confidenciou que certa vez a emissora impediu a exibição de um Globo Repórter, de sua autoria, por denunciar o tráfico dentro dos corredores da Câmara. Roberto Marinho, na época, achou pesado o programa e temia pelas críticas ao parlamento já debilitado se o programa fosse ao ar.
Pois, não é de se estranhar o que aconteceu na última quinta-feira no plenário da Câmara, quando dezenas de crianças ocupavam a galeria para assistir a uma sessão educativa, ciceroneadas por funcionários da Casa que explicavam como funciona o parlamento e quais as suas funções num regime democrático. A meninada ouvia as orientações educativas, quando foi atraída por um bate-boca entre o ex-presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, (PT-SP), líder do governo, e o deputado Sebastião Bala Rocha (Solidariedade-AP):
– Só tenho a dizer uma coisa a Vossa Excelência: graças à minha formação, nunca fui algemado na minha vida – cutucou o deputado petista.
Bota, que já foi algemado por gatunagem em 2004 numa dessas operações da Polícia Federal, não gostou da provocação e retrucou:
– Eu fui injustiçado, seu porra, seu filho da puta, eu fui injustiçado!
O bate-boca e os insultos entre os dois nobres e engravatados senhores se prolongaram por alguns minutos. A educadora ainda tentou disfarçar a cena com um sorriso amarelo, mas as crianças não entendiam muito bem por que as vossas excelências tratavam-se de “filhos da puta”. As cenas de pugilato só não aconteceram porque um segurança ficou entre os dois exaltados cavalheiros. Nas próximas visitas, recomenda-se proibir as sessões para menores de 18 anos ou ensinar as crianças as lições de moral e cívica com o plenário vazio.
De tudo isso, porém, fica uma advertência: na democracia, é preferível um bordel escancarado a um convento sitiado.
Fonte: diariodopoder.com.br
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