George Brito
Até o último dia 8, os baianos entregaram, espontaneamente, 1.917 armas, dentro da Campanha de Desarmamento 2011, segundo dados do Ministério da Justiça (MJ), responsável pela ação. Foi o quinto Estado que mais recolheu armas, quando considerados os dados absolutos, e o 11º, na relação armas por 100 mil habitantes, à taxa de 13,6.
A alta de 91,7%, no entanto, fica muito aquém da realidade da campanha realizada nos anos de 2004 e 2005, logo após a entrada em vigência do Estatuto do Desarmamento. À época, foram recolhidas 16 mil armas de fogo em todo o Estado.
Para o MJ, a entrega é positiva para reduzir os crimes, com base no argumento de que as armas que caem nas mãos dos bandidos são roubadas dos cidadãos. No site oficial do MJ, o secretário-executivo da pasta, Luiz Paulo Barreto, chama a atenção para as armas de empresas de segurança privada. “Um terço dessas armas da segurança privada era furtado ou roubado. É importante melhorar o acesso à informação sobre a destruição de armas de fogo”, alerta.
O cruzamento entre dados da evolução histórica de homicídios por armas de fogo com a da entrega voluntária de armas mostra que não há, necessariamente, relação direta entre as campanhas de desarmamento e a redução das mortes. No período entre 2005 e 2010, os homicídios por arma de fogo na Bahia saíram de 2.022 para 4.168, um aumento de 106%.
Interior – Feira de Santana (a 109 km da capital) foi uma das primeiras cidades a fazer a campanha. Lançada em 9 de janeiro de 2010, até hoje já foram entregues 1.328 armas. Segundo o tenente-coronel Martinho, comandante do 1º BPM, “não temos uma pesquisa para provar a redução da violência, mas uma arma a menos nas ruas pode estar salvando vidas humanas”.
Segundo ele, os revólveres 38 são os mais entregues, mas também pistolas, rifles e armas caseiras, de Feira, Cícero Dantas, Euclides da Cunha e Cipó. Para o professor Carlos Costa Gomes, pesquisador e coordenador do Observatório de Segurança Pública da Bahia, “a campanha é inócua. A sociedade deve focar a atenção no que realmente importa: reduzir a impunidade”.
Fonte: Jornal ATARDE
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