A Aids não é mais uma epidemia ligada a grupos fechados, pulverizou-se e espalhou-se principalmente entre a população pobre. A interiorização da doença já preocupa, sobretudo na Bahia – primeiro Estado em número absoluto de casos da doença nas regiões Norte e Nordeste.
De acordo com a Coordenação Estadual de DST/Aids, são 10.234 pessoas com a doença, sendo 9.891 casos em adultos. Salvador também tem o maior número de casos entre as capitais do Norte e Nordeste. No Brasil, 40% das pessoas que têm o vírus não sabem que estão infectadas.
“A Aids, de alguma forma, se estabilizou nas grandes metrópoles e vem crescendo nos municípios com população de mais de 5 mil habitantes, o que mostra que as políticas de prevenção no Brasil têm de ser pensadas não apenas numa perspectiva de uma capital, mas estendida e gerida pelos municípios”, argumenta o ativista Harley Henriques, que participa do Encontro de Prevenção e de Promoção à Saúde no Campo do HIV/Aids, promovido pela Secretaria da Saúde do Estado por meio da Coordenação Estadual de DST/Aids e do Gapa.
O encontro acontece até quinta-feira, 9, e tem o objetivo de formar profissionais e gestores de saúde de 31 Dires (diretorias regionais de saúde) e 25 coordenações municipais que atuam com HIV/Aids e discutir estratégias de prevenção da doença.
Campanhas – De acordo com Harley, a prevenção não tem de se resumir apenas a campanhas de massa, como as que acontecem no Carnaval, mas tem de se constituir em um conjunto de estratégias que tenham intervenção direta com a comunidade.
Para ele, ajudaria na prevenção da epidemia um maior acesso por parte da população de baixa renda a métodos de prevenção, como a camisinha; o assunto ser mais discutido nas escolas, fazendo parte do conteúdo programático; assim como é necessária a implementação de políticas de prevenção a grupos específicos, como a população da terceira idade.
Para Rosaria Piriz Rodriguez, 53 anos, o vírus HIV/Aids chegou há uma década. Sem muito conhecimento sobre a doença na época, a descoberta veio quando levou o marido, doente, ao médico. “Comecei a achar que poderia estar também”, conta ela, que teve o diagnóstico confirmado.
“Pensava na discriminação e exclusão que teria de enfrentar. Convivi durante algum tempo, com a ideia de que iria morrer logo”, relembra Rosario, que, a partir do apoio que teve no Gapa-Bahia (Grupo de Apoio à Prevenção à Aids), passou a buscar qualidade de vida.
Hoje, convive com a doença, leva uma vida normal. Ela foi capacitada em direitos humanos pelo Gapa e integra a Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids e o Movimento Nacional Cidadãos Positivos.
Apoio semelhante teve M. A. 43 anos, que também tem Aids e encontrou ajuda na Casa de Apoio e Assistência ao Portador do Vírus HIV/Aids (Caasah). Há um mês no local, passa por tratamento e, ainda sem muita noção do que é a doença, tem uma certeza: “Se não fosse aqui, seria mais difícil”, diz.
Fonte: ATARDE ONLINE
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