Cheguei com sorte, afirma Tiririca sobre o aumento

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Numa daquelas coincidências repletas de simbolismos, Tiririca, personagem que zombou da classe política no horário eleitoral gratuito – quando disse que não sabia o que fazia um deputado e afirmou que “pior do que tá não fica” – chegou à capital no dia em que o reajuste salarial dos parlamentares foi aprovado.

“Cheguei com sorte. Graças a Deus foi aprovado, acho justo”, disse o palhaço.

Escolhido por 1,3 milhão de pessoas para representar o Estado de São Paulo na Câmara dos Deputados, ele acha que a votação lhe dará “moral” na Casa.

Em passagem relâmpago por Brasília, Tiririca deixou a peruca e o chapéu para trás, trocou o figurino de palhaço pelo terno e gravata, fantasiou-se de político e enfrentou o assédio da imprensa e do público durante sua primeira – e tumultuada – visita ao Congresso Nacional.

A prioridade do mandato do deputado será a área de educação – assunto que o perseguiu após o resultado das urnas, quando teve de comprovar que não era analfabeto.

Tiririca prometeu se ajustar à rotina legislativa, cujo expediente semanal geralmente se resume a três dias – terças, quartas e quintas. “Vai ser assim mesmo. Na sexta, estarei na base.” Base? “É, base”, respondeu, enigmático.

A carreira de humorista não deve ser abandonada, já que pretende conciliar o expediente na Câmara com o papel de Tiririca. “Não vou abandonar o Tiririca.” fotos e frisson Durante o périplo pelo Congresso – foi à Comissão de Educação da Câmara, ao plenário da Câmara, à liderança do PR, ao plenário do Senado, aos gabinetes dos senadores Alfredo Nascimento e Magno Malta– , o campeão de votos causou frisson,posou para fotos, cumprimentou populares (teve um que apareceu com peruca à Tiririca), foi assediado por funcionárias de limpeza desinibidas, mas recusou-se a cantar Florentina.

“Só com cachê”, disse.

Quando o assunto foi a pauta legislativa, silenciou. Legalização de bingos? Reajuste de salário mínimo? Código Florestal? Não quis comentar.

“Ele nem chegou na Câmara ainda, rapaz”, disse o deputado Sandro Mabel (PR-GO).

Para a assessora jurídica Gláucia Brito, que acompanhou parte do frenesi,“ o circo vai estar montado em 2011.

Antes já era protótipo de circo, agora é que vai ficar armado mesmo. Vai dar pra rir ao menos.” No horário eleitoral, Tiririca perguntava: “O que é que faz um deputado federal? Na realidade, eu não sei. Mas vote em mim que eu te conto.” A expectativa agora é saber se ele cumprirá a palavra – daqui a quatro anos, Tiririca terá algo a contar? “Lamento” de Lula Em tom de brincadeira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou, ontem, que o aumento salarial para os parlamentares, o presidente da República e os ministros, aprovado pelo Congresso, não o tenha beneficiado.

“Estou lamentando, porque o Paulinho (deputado Paulo Pereira da Silva, PDT-SP) me disse que hoje o Congresso acabou de aprovar aumento para o presidente da República, os ministros… E o Lulinha aqui, ó”, afirmou o presidente, arrancando risos na platéia composta por representantes de movimentos sociais.

Matéria do Jornal ATARDE-Edição de 16/12/2010

 

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