Combate à corrupção

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O combate à corrupção sempre foi um tema recorrente na atuação da FACE junto aos filhos e amigos de Euclides da Cunha. Em 09 de setembro de 2012, quando estávamos prestes a escolhermos os nossos vereadores, publiquei aqui no nosso site a matéria abaixo, a qual, agora reproduzo, por considerá-la bastante atual e oportuna tendo em vista os movimentos que tomam conta da cidade e do Brasil. Boa leitura…

João de Tidinha

Por: João de Tidinha

Já ouvi de muitas pessoas a expressão “não gosto de politica”, ou até expressões mais duras, tais como: “os políticos são todos corruptos”, “políticos são todos uns cachorros, só muda a coleira”, etc. Essas reações demonstram que as pessoas, na verdade, não gostam das pessoas que exercem a profissão ‘política’, pois estão desiludidos com tanta corrupção e impunidade.

Hoje, na minha leitura dominical, observei duas matérias sobre o tema inteiramente relacionadas, bem apropriadas ao momento atual, onde em menos de 30 dias estaremos elegendo vereadores e o futuro gestor do nosso município.

A primeira trata das câmaras municipais, que na maioria das vezes servem apenas para dizer amém aos planos traçados pelos prefeitos.

Cláudio Weber Abramo, diretor-executivo da ONG Transparência Brasil, avalia que a função das câmaras de vereadores foi esvaziada nas últimas décadas. Justamente por causa da “força” exercida pelo Executivo:

— Os vereadores não cumprem seu papel, não fiscalizam. Quem legisla, de fato, é o Executivo. Os prefeitos compram suas bases por meio da distribuição de cargos — afirma Abramo.

A pouca transparência e a falta de fiscalização favorecem as práticas de desvios e corrupção, com casos de desmandos generalizados no poder público.
— As câmaras municipais são as menos transparentes de todos os poderes. Tudo que acontece na esfera nacional acontece na esfera estadual e é muito pior nos municípios — afirma Cláudio Abramo. — A regra geral é a obscuridade.

Em outra matéria, intitulada “Será que alguém vai em cana?”, o escritor João Ubaldo Ribeiro ressalta sua indignação  sobre a corrupção na política e afirma que, em sua maioria, a população raramente repudia a atitude dos políticos corruptos, os políticos profissionais. Segundo ele, somos compreensivos, fazemos folclore em torno dele, damos risada de sua ladinice, manifestamos não tão relutante admiração pelo seu talento, criamos e figura jovial e simpática do “rouba, mas faz”, não achamos nada de mais em se ser visto na companhia dele’’.
Segundo João Ubaldo, “nós hierarquizamos pelo avesso o furto do dinheiro público. A julgar pelo que poderíamos chamar de nossa postura coletiva, meter o gadanho, por qualquer meio, no patrimônio público é o menos grave de todos os furtos. Ainda agimos como se o dinheiro público caísse do céu e, portanto, furtá-lo não prejudica ninguém. Mas é claro que, tão logo paramos para pensar, somos levados a concluir que o furto que atinge toda a coletividade é mais grave, não pode deixar de ser o mais grave e, por consequência, o que mais séria punição merece e o que maior repulsa justifica.”

E diante desse cenário, João Ubaldo nos proclama a pratica da tolerância zero para os corruptos. Segundo ele, “a sociedade tem de encarar o desvio de dinheiro público, em qualquer forma, com tolerância zero. Concretizá-la inteiramente é talvez impossível, considerando-se a famosa natureza humana. Mas é possível tê-la sempre em mente e aplicá-la sempre que se oferecer a ocasião. Acho que ninguém, a não ser os beneficiários dos desmandos, discorda de tolerância zero para quem nos rouba, nos condena ao atraso e causa tanta miséria e infelicidade. Ou seja, devemos ter esses inimigos públicos em conta inferior à de qualquer vagabundo ou ladrão de quintal. Este, além de roubar pouco e talvez nunca ter conhecido outro horizonte na vida, não achincalha as instituições, não debocha da lei e da justiça e não exibe cinicamente uma fortuna que todos sabem que não ganhou honestamente. Chega de eufemismos e de reverência indevida, o nome certo é ladrão e o nome do ato é furto, mesmo que venha sob a alcunha artística de peculato ou qualquer outra.” 

Na hora de votar, reflitam sobre tudo isso e analisem bem a quem vocês estarão dando o seu voto e lembrem-se “se você não gosta de política saiba que é governado por quem gosta.”

 

 

 

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