Continua grande o percentual de eleitores indecisos. Nos dias finais do segundo turno, urnas à vista, os dois candidatos à Presidência da República falham na apresentação de propostas substantivas para os destinos do País. Na platéia reunida por A TARDE, três adeptos do voto nulo criticaram o bate-boca e reforçaram a sua opção desesperada.
O debate semifinal, esta semana, na TV Record resultou mais uma vez em anticlímax.
Os representantes da situação e da oposição repetiram, com alguns decibéis a mais, a troca de acusações veladas ou ostensivas.
O personalismo, a par dos interesses partidários, imperou no confronto.
Até parece, tal a falta de idéias e argumentação satisfatória, que se vive, em termos de classe média, pelo menos, a melhor das conjunturas, e que o Brasil não enfrenta problemas merecedores de análise crítica e soluções. A popularidade do governo chega ao extremo de 83% e nesse indicador apenas relativo embarcam também as hostes políticas adversárias.
Mas o custo de vida sobe. Paga-se de R$20 a R$ 50 por uma refeição em restaurante. A classe média enfrenta atualizações nos planos de saúde, nos gastos como ensino universitário.
E o que ela usufrui do sistema público? Nada ou muito pouco. Professores, médicos e artistas arrostam dificuldades de melhor capacitação e qualidade de vida.
As perspectivas internacionais são tensas e sombrias. A União Europeia tem graves pendências sociais e econômicas, existe uma crise cambial gravíssima para a qual até a China toma medidas imediatas. Segundo uma antropóloga, “o debate não avançou; foi agressivo por conta da disputa acirrada”.
E os demais problemas da pauta dos cidadãos conscientes? Quanto aos assustadores índices de violência, as autoridades pensam mais em repressão. Há deficiências na área da saúde, saneamento básico, educação.
Estranhamente o presidente Lula anuncia US$ 2 milhões para o Haiti combater a cólera– ajuda que deveria partir dos Estados Unidos ou de outros países ricos.
Editorial de ATARDE – Edição de 28/10/2010
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