Congresso pensa em bondades… para eles

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Por: Paixão Barbosa – ATARDE ONLINE

Sempre que começo a pensar que o Congresso Nacional não irá conseguir mais me surpreender, eis que os nossos bravos parlamentares acham uma forma de mostrar que ali se vive numa ilha da fantasia, que se aproxima do povo somente nos meses que antecedem as eleições e trata de se distanciar rapidamente dos anseios e dos parâmetros da sociedade tão logo as urnas são desligadas. Falo do noticiário a respeito de um “pacote de bondades” em benefício próprio que estaria sendo articulado pelos deputados federais e senadores após quatro meses de recesso branco.

No tal “pacote” despontam como destaques o aumento dos próprios salários e também o da presidente eleita Dilma Rousseff. E isto ocorre justamente quando a equipe de transição de Dilma orientou os parlamentares da base aliada a barrar reajustes para o funcionalismo, sob o argumento de que estes vão gerar rombo no Orçamento de 2011. E também quando se vê o embate que se trava em torno do reajuste do salário mínimo e dos benefícios dos aposentados, sempre tendo por base a preocupação do governo de não deixar aumentos de despesa como herança para a próxima administração.

Para os articuladores do tal “pacote”, porém, isto não vale para eles e justificam que os salários dos parlamentares e do presidente estão congelados há três anos, período no qual se acumulou uma inflação de 17,8%. Não dizem, é claro, que com o aumento dos seus salários e do da presidente, haverá um reajuste em cadeia para todos os ministros, secretários executivos e cargos de alto escalão da União, pois estes vencimentos são proporcionais ao que recebe o chefe do Executivo.
Além disso, o aumento nos vencimentos dos congressistas vai gerar um efeito cascata com desdobramentos nos ganhos dos deputados estaduais e dos vereadores de todo o País. É que a Constituição determina que deputados estaduais podem receber até 75% do salário do federal e os vereadores podem variar entre 20% e 75 dos vencimentos dos deputados estaduais. E, como se sabe, em casos assim, o que deveria ser limite máximo passa a ser o piso.

Como se vê, o custo deste “pacote de bondades” termina se tornando incalculável para os cofres públicos, em razão dos seus desdobramentos por todos os municípios do País. O mais provável, na minha opinião, é que Dilma Rousseff se manifeste contra o aumento do seu próprio salário, o que reduziria o impacto, mas quanto ao restante só rezando para que pingue um pouco de bom senso nas cúpulas douradas do nosso Parlamento.

 

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