Com o avanço da vacinação, setor prevê resultados melhores de julho a dezembro
Raphaela Ribas e Eliane Oliveira
28/07/2021 – 04:30 / Atualizado em 28/07/2021 – 13:59
RIO E BRASÍLIA – Depois de um início de ano vendo o recrudescimento dos casos de Covid-19 e o fim do auxílio emergencial, o varejo registrou resultados positivos entre abril e junho, graças aos dias das Mães e dos Namorados. Para este segundo semestre, com o avanço da vacinação, a perspectiva é de melhora, ainda que a inflação possa corroer parte da poupança acumulada durante a pandemia.
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Livio Ribeiro, pesquisador associado do FGV/Ibre Livio Ribeiro e sócio da BRCG consultoria, ressalta que a inflação vai pressionar a renda familiar, reduzindo o poder de compra.
— Houve uma retomada no primeiro semestre. A discussão é se ela volta para onde estava antes da Covid ou se cresce a partir dali. O cenário não é de contração, mas, provavelmente, de desaceleração — diz Ribeiro. — A recuperação completa depende do mercado de trabalho.
As administradoras de shopping centers começam em breve a divulgar seus dados de vendas. Mas executivos afirmam esperar recuperação de parte das perdas dos primeiros três meses do ano.
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A Ancar Ivanhoe, com 24 shoppings no país, registrou salto de 84% nas vendas em junho, na comparação com abril, mês de reabertura do comércio. Segundo o copresidente, Marcos Carvalho, a expectativa é fechar 2021 com resultados próximos ao período pré-pandemia.
Já Jini Nogueira, diretora comercial da brMalls, com 31 shoppings, afirma que, com a vacinação e o afrouxamento das restrições, o fluxo de clientes está sendo retomado:
— Nos períodos de maior restrição, os clientes passavam em média 45 minutos conosco, sendo bastante objetivos em suas compras. Agora, ficam em torno de uma hora.
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Vestuário e calçados
O economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, projeta que as vendas no varejo desacelerem no trimestre corrente, com alta de 0,5%. Ainda assim, o segundo semestre deve fechar com avanço de 4,5%.
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Segundo um relatório semanal da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) com a Cielo, desde a última semana de março, os shoppings registram recuperação nas vendas, com aumento no tíquete médio de compras em relação a 2020.
Calçados e vestuário, diz o presidente da Abrasce, Glauco Humai, têm sido os mais beneficiados, pois não tiveram o mesmo desempenho em vendas on-line que eletrônicos, por exemplo. Para este semestre, sua expectativa é de “otimismo com cautela”:
— Ainda estamos na pandemia — diz Humai.
Freitas, da CNC, também avalia que a venda de roupas ganhará força à medida que as pessoas começam a sair.
O setor calçadista projeta alta de 14,3% na produção este ano frente a 2020, com um desempenho ainda melhor em 2022. Mas condiciona esse avanço à vacinação.
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— As perspectivas são boas, mas precisamos que a vacinação aconteça com toda a população, para evitar as variantes — diz o presidente da Abicalçados, Haroldo Ferreira.
A rede de calçados infantis Bibi, por exemplo, ganhou impulso com a retomada das aulas presenciais em várias cidades. A presidente da empresa, Andrea Kohlrausch, conta que, no segundo trimestre, as vendas cresceram 36% frente ao mesmo período de 2019 — ou seja, pré-pandemia.
FONTE: O GLOBO
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