Corrupção não é o maior desperdício

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Por: Gilberto Dimenstein

Um estudo realizado por neurocientistas de diversas partes do mundo, reunidos pela Universidade de Edimburgo, na Escócia, mostrou que a inteligência é menos hereditária do que se imaginava. Apenas metade seria genética, o restante viria do meio ambiente, como as condições econômicas e sociais, além do ambiente familiar (o detalhamento dessa pesquisa está no www.catracalivre.com.br). Isso significaria, portanto, que nascer pobre em um lugar sem estímulos diminuiu a chance de ter um QI mais alto.

Ou seja, o QI seria, digamos, um músculo que precisa ser exercitado por vários estímulos. Um gênio em potencial que nasce num ambiente muito vulnerável desenvolveria metade do seu potencial, tendo apenas uma inteligência acima da média.

Some-se a isso, claro, que alguém inteligente, mas sem chances de uma boa educação, tem enormes obstáculos de desenvolver talentos.

Falamos tanto do desperdício na corrupção. São tantas as notícias de desvios, numa interminável novela, que parece que a roubalheira é nosso maior desperdício.

O maior desperdício é a perda diária de talentos, graças à miséria.

Se as pessoas tivessem clara essa noção, a pressão por mais e melhores políticas sociais seria bem maior.

Gilberto Dimenstein, 54, integra o Conselho Editorial da Folha e vive nos Estados Unidos, onde foi convidado para desenvolver em Harvard projeto de comunicação para a cidadania

 

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