Covid-19: Coronavac atingiu índice de segurança maior do que outras vacinas testadas no Brasil

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Efeitos colaterais da vacina chinesa ocorreram em 35% dos voluntários, enquanto as demais registraram índices de mais de 70%; governo de SP espera iniciar imunizações em janeiro

Silvia Amorim

19/10/2020 – 14:53 / Atualizado em 19/10/2020 – 17:17

SÃO PAULO — O Instituto Butantan anunciou nesta segunda-feira (19) a conclusão dos testes que avaliam a segurança da vacina chinesa Coronavac entre voluntários brasileiros. O índice de ocorrência de efeitos colaterais ficou em 35%. Segundo o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, o resultado faz da Coronavac o imunizante contra a Covid-19 mais seguro em teste atualmente no Brasil.

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A Anvisa deu prazo de até 60 dias para se pronunciar sobre o registro da vacina chinesa depois que o Butantan entregar todos os documentos exigidos para esse processo. Com isso, após prever a vacinação em dezembro, o governo paulista trabalha agora com uma imunização somente a partir de janeiro.

Os pesquisadores ainda esperam pelo resultado dos testes de eficácia, que em um primeiro momento eram esperados para o mês de outubro. A expectativa do governo de São Paulo é que até novembro essa fase do estudo seja concluída e os resultados enviados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Só então o órgão federal decidirá se a vacina chinesa pode ser liberada para vacinação. Nesta quarta-feira, o governador de São Paulo, João Doria, viaja a Brasília para reunião com representantes do Ministério da Saúde e da Anvisa.

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Dimas Covas destacou como um dos pontos favoráveis da vacina chinesa a não ocorrência de efeitos colaterais de grau 3 entre os cerca de 9 mil voluntários que participam dos testes. Parte deles já recebeu uma segunda dose da Coronavac. Ao todo, foram feitas até o momento 12 mil vacinações.

— Temos um comparativo com os dados das vacinas que estão sendo testadas (no Brasil). A vacina do Butantan é a mais segura em termos de efeitos colaterais. No total das 12 mil vacinações, ela tem uma ocorrência de efeitos colaterais de 35%. Nas demais, nenhuma foi inferior a 70%. Todas, com exceção da Coronavac, tiveram efeitos colaterais de grau 3, os mais importantes quando se avalia uma vacina. A ocorrência de febre foi de 0,1% na vacina Butantan. Nas demais o índice mais baixo foi de 18% — comparou Covas.

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O Butantan firmou com o laboratório chinês Sinovac a compra de 46 milhões de doses da vacina para entrega até dezembro. Outro lote de 15 milhões de doses está programado para fevereiro e mais 40 milhões para maio.

O Butantan também espera ampliar sua fábrica de vacinas e, assim, produzir mais doses da Coronavac visando uma distribuição nacional do imunizante. O governo paulista iniciou uma arrecadação de recursos junto a empresários para agilizar a obra, mas também conta com recursos federais. Esse será um dos temas da reunião esta semana em Brasília.

‘Paz, amor e vacina’

O governador de São Paulo respondeu a declarações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro de que a vacinação não será obrigatória:

— O Brasil precisa de paz, amor e vacina para salvar os brasileiros. Como sou a favor disso, entendo que a vacina precisa ser aplicada a todos os brasileiros. Não estamos numa corrida eleitoral ou ideológica. Estamos numa corrida pela vida —  disse Doria.

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Bolsonaro voltou a afirmar nesta segunda-feira que a vacina contra a Covid-19 não será obrigatória e, sem mencionar o governador, criticou Doria ao dizer que “tem um governador que está se intitulando o médico do Brasil”.

— Quero agradecer ao presidente Bolsonaro me qualificando como médico do Brasil. Agradeço porque eu confio nos médicos. Qualquer referência a mim, ainda que eu não seja médico, só me distingue porque acredito na medicina e nos médicos — reagiu.

Corrida das vacinas

A Anvisa só autorizou até agora testes clínicos de quatro vacinas contra Covid-19 no Brasil. Elas são a vacina da Universidade de Oxford (em parceira com Astrazeneca e Fiocruz), a Coronavac (da Sinovac em parceria com o Butantan), a da Pfizer-Wyeth e a da Janssen-Cilag (Johnson).

Planejam testes no Brasil também a vacina russa do Instituto Gamaleya (em parceria com o Tecpar, no Paraná) e a Covaxx (em parceria com a rede privada de laboratórios Dasa).

A Anvisa está aceitando pedidos de registros em esquema de “submissão contínua” para os produtos de Oxford e da Sinovac. Nessa estratégia, o laboratório vai submetendo resultados de trabalhos e estudos sobre a vacina à medida que vão ficando prontos, para acelerar o pedido de registro uma vez que resultados preliminares de eficácia estejam em mãos.

“A vacina da Janssen-Cilag está com o estudo pausado no momento para a investigação de evento adverso”, afirmou a agência, em comunicado. “Até o momento, não chegou à Anvisa nenhuma solicitação formal de autorização de estudo clínico ou pedido de registro para a vacina russa contra Covid-19.”

Segundo a OMS, além das quatro vacinas já em teste no Brasil, há outras sete que já chegaram à fase 3 de ensaio clínico, que avalia a eficácia do produto diretamente em humanos. Outros doze vacinas estão em fase 2 (que avalia capacidade de ativar produção de anticorpos) e outras 25 em fase 1 (que avalia apenas segurança). Há ao menos outras 154 vacinas candidatas no mundo que ainda estão em fase pré-clínica, anterior a testes em humanos.

Colaborou Rafael Garcia

Fonte: O GLOBO

 

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