Cresce procura de baianos por cartões avulsos de saúde

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A cada dez baianos, nove não têm plano de saúde. A taxa de cobertura dos seguros no estado é de 11,2%, inferior ao índice nacional, de 24,4%, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Com dificuldade para pagar os planos, que têm praticado aumentos acima da inflação, baianos têm recorrido a cartões de desconto e pré-pagos de hospitais, clínicas e empresas especializadas na oferta desses produtos. Em Salvador, os hospitais São Rafael e Português oferecem serviço de cadastro de clientes que buscam descontos em consultas e exames médicos e parcelamento de pagamentos.

“Como estava sem condição de pagar o plano, o cartão facilitou minha vida”, conta a farmacêutica Tânia Lúcia Tanajura, 54, que fez o cartão de desconto do São Rafael no mês passado.

A auxiliar administrativa Rosicleia de Souza, 26, soube do cartão durante um procedimento que a mãe dela estava fazendo no hospital pelo SUS. O exame no pós-operatório já foi pelo benefício e Rosicleia fez, ainda, um cartão para uma amiga que precisa de uma consulta cardiológica. “Fomos muito bem atendidas”, contou.

Na Português, a procura pelo serviço aumentou em 30%, chegando a um total de 45 mil cadastrados. O cartão do São Rafael, lançado há pouco mais de um ano, tem 15 mil pessoas.

Nos dois hospitais, o serviço não tem taxa de adesão ou mensalidade. Como não são planos de saúde, também não têm carência.

Esse crescimento na oferta e busca por cartões de desconto ocorrem devido à queda na taxa de cobertura dos planos de saúde, que foi ancorada pela crise econômica e pelo aumento da taxa de desemprego.

Na Bahia, 68,8 mil pessoas deixaram de pagar seguro-saúde desde 2015, diminuição de 4,2% no total de beneficiários no estado, segundo a ANS.

A queda dos planos de saúde também tem levado baianos a clínicas que oferecem condições de pagamento flexíveis e preços mais em conta. De olho nesse público, o empresário Roberto Carvalho abriu a Medivida. Em dois anos, a clínica já tem duas unidades na Grande Salvador, uma em Vilas do Atlântico (Lauro de Freitas) e outra em Guarajuba (Camaçari). “Aplicamos um preço acessível para pessoas que perderam o emprego e não têm mais como pagar convênios [de saúde]”.

Preços

No São Rafael, o preço das consultas, que varia de R$ 200 a R$ 450 sem o benefício, cai para R$ 85. Nos exames, os descontos ficam de 40% a 80% do preço original. Os atendimentos são realizados nas unidades externas da instituição, e não na sede do hospital.

No Hospital Português, o desconto nas consultas parte de 20% e chega a 50%. Para os exames, os abatimentos são de 20%.

Os usuários do cartão podem ainda dividir pagamentos no crédito em até quatro vezes e têm descontos em uma rede de parceiros, que inclui academias, restaurantes e um salão de beleza.

O proprietário da Medivida lançou um cartão fidelidade que dá descontos de 20% a 30% em exames laboratoriais e de imagem. As consultas, que custam cerca de R$ 150, caem para valores em torno de R$ 90. O benefício já tem por volta de 600 cadastrados e dá desconto também em empresas parceiras, como uma academia e uma farmácia.

Na clínica Vida, em Salvador, os descontos vêm do cartão Cliente Vida. Segundo a gerente comercial do serviço, Christiane Aquery, 95% dos atendimentos pelo produto são feitos na clínica. “As pessoas que perdem os empregos e os planos de saúde demoram a buscar o cartão, mas, para as que mantêm [os postos de trabalho], o caminho é imediato”.

O serviço custa entre R$ 100 e R$ 300 e dá direito a dois cartões. Quanto mais caro, maiores os descontos e a validade. Os abatimentos para exames e consultas variam entre 20% e 70%. Além disso, a empresa tem dez parceiros, como óticas e academias. De acordo com a gerente comercial, o Cliente Vida tem cerca de 100 mil cadastrados.

Independentes

Além de se cadastrarem em serviços vinculados a hospitais e clínicas, muitos baianos também estão recorrendo a empresas independentes de cartões de desconto e pré-pago. Elas fecham parceria com unidades e profissionais de saúde ligados ao setor para ofertar preços mais baixos.

A babá Enia Vieira, 44, conta que preferiu fazer o cartão pré-pago Vale Saúde Sempre do que recorrer ao SUS. “Raramente eu ia para o médico. Precisava de uma consulta, mas não ia acordar 4h para pegar uma ficha”. Cadastrada em maio, ela já foi às consultas e fez os exames de que precisava.

Para fazer o cartão, é necessário pagar a mensalidade de R$ 28,90, além dos valores dos atendimentos. Na rede de empresas cadastradas, os usuários têm acesso a consultas de R$ 60 a R$ 90, exames de R$ 3,62 a R$ 63 e 20% de desconto na venda de medicamentos. É necessário carregar o cartão antes de utilizá-lo.

Já o cartão de desconto Prevencard tem uma taxa anual de, no mínimo, R$ 49,90. Ele dá acesso a abatimentos em serviços médico, mas não pode ser usado para pagamentos, como o Vale Saúde Sempre.

A empresa promete descontos de até 70% em consultas e exames. Segundo o diretor de marketing da Prevencard, José Gois Neto, a empresa tem cerca de 100 mil pessoas cadastradas e 100 empresas credenciadas. “A gente faz uma auditoria nas empresas que querem se credenciar”, afirma.

Fonte: Jornal ATARDE

 

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