Democracia: não basta ser grande

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Domingo, dia de eleição e mais de 135 milhões de brasileiros estão aptos a votar. Número que põe o Brasil na condição de uma das maiores democracias do mundo.

Infelizmente, não podemos dizer o mesmo quanto à qualidade desta democracia uma vez que ela fica muito desbotada pela coexistência com problemas como as desigualdades sociais, a fragilidade dos nossos sistemas judiciário e eleitoral, que permitem a repetição diária de injustiças e a perpetuação de distorções nos comandos das instituições. O mais grave é que no Judiciário e no Legislativo estão as bases constitucionais que compõem os pilares de defesa dos cidadãos e que, em razão disso mesmo, são os garantidores de uma boa democracia.

Para mim, pouco importa em quem a maioria vai votar, porque acho mais preocupante o fato de não ver soluções à vista para aquelas situações que acabei de citar. Tudo indica que a ex-ministra Dilma Rousseff (PT) será eleita sucessora do presidente Lula, o maior fenômeno de popularidade durante o exercício do mandato que o Brasil já conheceu.

Mas, apesar de todo o apoio que terá – ou até por causa disso -, pouco ela poderá fazer para corrigir as distorções que servem para compor casas legislativas cada vez menos independentes e cada vez mais distantes das reais aspirações daqueles que elegeram deputados e senadores. Talvez menos ainda possa fazer em relação ao Judiciário, entorpecido pela sua lentidão e afogado em montanhas de leis e códigos, muitos dos quais mais parecendo que foram criados como forma de ajudar advogados a livrar clientes endinheirados ou emperrar eternamente processos e inquéritos.

E, se desse uma “zebra” e José Serra saísse vencedor neste domingo? Nada deste panorama mudaria. Continuaríamos a ser um País de desiguais onde há um pequeno cume ocupado pelos mais ricos ou poderosos vendo do alto a planície dos desprotegidos que formam o Brasil real.

Deixando de lado qualquer ranço ideológico ou partidário, o Brasil teve a felicidade de ter nos últimos anos, dois presidentes que orgulhariam, cada um ao seu modo e estilo, qualquer País. Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva eram aliados e amigos antes de se sentarem na principal cadeira do Palácio do Planalto. E não se pode negar que ambos procuraram dar o melhor de si para fazer este País avançar.

E, sem dúvida, o Brasil avançou. De uma economia inteiramente dependente dos países mais ricos, passamos a ser uma Nação respeitada no cenário mundial, com uma inflação em patamares que permitem empresas e chefes de família fazerem um planejamento mínimo dos seus ganhos. Milhões de pessoas saíram da linha da pobreza e da miséria absoluta. Outros tantos ganhos têm sido registrados.

Mas, ainda falta muito o que fazer, especialmente nos aspectos que citei mais lá em cima. E, quanto a estes, podem até me taxar de pessimista, não creio que vejamos soluções de curto prazo, apesar do êxito parcial da Lei da Ficha Limpa. Como estamos no fim de uma campanha eleitoral marcada pelo fervor religioso, talvez rezar para que o próximo presidente ou presidenta faça tudo para derrubar esse pessimismo seja uma boa opção.

Acho que vou começar a fazer umas orações.

Análise do Comentarista Paixão Barbosa- ATARDE ONLINE

 

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