Denúncias de corrupção e privatizações marcam debate duro entre presidenciáveis

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O debate Dilma Rousseff (PT) entre José Serra (PSDB), transmitido pela TV Record nesta segunda-feira, 25, foi marcado por alfinetadas de ambos os candidatos acerca de denúncias de corrupção e sobre a privatização da Petrobras. O confronto foi mediado pelo jornalista Celso Freitas, mas os candidatos não responderam a perguntas de jornalistas e apenas fizeram questionamentos — na sua maioria agressivos — entre si.

Após a primeira pergunta de Dilma, o primeiro bloco do embate foi dominado por questões envolvendo a região Nordeste. Dilma citou obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e questionou o adversário sobre seus projetos para a região. Serra respondeu que o PAC é uma lista de obras sem planejamento ou entrosamento e que, se eleito, faria com que as obras saíssem do papel.

A discussão ainda permeou outras perguntas, como a representação do DEM no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o ProUni e a implantação de internet banda larga nas escolas do Brasil. Serra chegou a afirmar que a petista trata a região com desdém, já que foi a única presidenciável a não participar de debate exclusivo no Nordeste; e Dilma rebateu dizendo que o tucano não conhece o Nordeste e estaria enrolando nas respostas.

Erenice x Paulo Preto – No segundo bloco, os temas principais foram as acusações mútuas sobre a ex-Ministra da Casa Civil, Erenice Guerra — cujo filho é acusado de tráfico de influência — e Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto — engenheiro, ex-diretor da Dersa e apontado como arrecadador de recursos para a campanha tucana.

Primeiro, Serra alfinetou Dilma sobre o depoimento de Erenice na Polícia Federal nesta segunda-feira, 25. Como resposta, a petista acusou Serra de se enrolar com o caso Paulo Preto e acusou o engenheiro de levantar dinheiro público. Serra rebateu que o apelido é racista que, se tivesse acontecido algum crime, seria contra a campanha.

Em seguida, Dilma comparou os dois governos e afirmou que o PT abriu uma investigação sobre o caso Erenice, mas que o PSDB não chegou nem a abrir uma sindicância sobre Paulo Preto. “A Polícia Civil de São Paulo poderia investigar o fato de que ele foi preso por receptação. A atitude do governo de investigar e punir é que importa”, defendeu. Como defesa final sobre o assunto, Serra afirmou que Dilma foi testemunha de defesa de José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, que deixou o governo após o escândalo do mensalão em 2005.

Privatizações – A discussão sobre a privatização do pré-sal começou com Serra afirmando que a petista teria mentido sobre ele. “Dilma tem dito mentirosamente que eu pretendo privatizar o pré-sal. No entanto, ela foi presidente de o Conselho de Administração da estatal e entregou-a a 108 empresas estrangeiras”, atacou.

Como resposta, Dilma esclareceu que, com a descoberta recente do pré-sal, o governo suspendeu todos os leilões e que só a Petrobras tem direitos de exploração”. “O senhor Serra e o senhor FHC fizeram uma regra para o petróleo de baixa qualidade que havia antes. Quando nós descobrimos o pré-sal, um bilhete premiado, nós mudamos a regra, decidimos que isso era do povo brasileiro, para investir em educação, em cultura”, esclareceu.

Em seguida, a petista questionou o tucano sobre a geração de empregos, mas Serra não respondeu a pergunta e insistiu em debater o tema privatização. “Acho que a Petrobrás tem de ser fortalecida. Eu vou reestatizar a Petrobrás, para não servir a interesses de grupinhos”, alfinetou o tucano, para a tréplica de Dilma. “Privatizar a Petrobrás é um absurdo sim e seu partido quer isso. Você diz que pensa por si só, mas então está no partido errado”, atacou a petista.

O tema emprego voltou à discussão apenas no último bloco, quando Serra foi novamente questionado sobre o assunto. “Isso ele não responde”, criticou Dilma, citando números do governo Lula. O candidato do PSDB não falou suas propostas para a área se eleito, mas que afirmou gerou empregos quando foi ministro da Saúde de Fernando Henrique Cardoso e que reverterá a baixa taxa de investimentos no País, se eleito.

Nas considerações finais, Dilma citou novamente o Nordeste e disse que, se for eleita, continuará o que, segundo ela, o governo Lula já vem fazendo. “Nunca mais a região será tratada como de segunda categoria”, disse. Serra finalizou o debate afirmando que esta é uma decisão decisiva e que o povo brasileiro teve a oportunidade de comparar os candidatos. “Presidente será a Dilma ou eu. O [presidente] Lula não estará mais lá”, ressaltou o tucano.

O próximo e último debate entre os presidenciáveis será transmitido pela Rede Globo na sexta-feira, 29 de outubro, às 22h30 (horário de Brasília). Para os estados que não participam do horário de verão, como a Bahia, o debate é às 21h30.

Fonte: Jornal ATARDE

 

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