Mais quatro denúncias apresentadas pelo Ministério Público estadual contra prefeitos baianos foram recebidas ontem, dia 26, pela Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, que julgará os prefeitos dos municípios de Ribeira do Pombal, José Lourenço da Silva Júnior; de Cipó, Jailton Ferreira de Macedo; de Novo Horizonte, José Lopes dos Anjos; e de Pé de Serra, Antônio Jorge Rios. Todos eles foram denunciados após o MP comprovar a atuação irregular frente à administração pública, informa a promotora de Justiça Ana Rita Rodrigues, que participou da sessão juntamente com o promotor de Justiça Carlos Pires.
O prefeito de Ribeira do Pombal, José Lourenço da Silva Júnior, está sendo acusado de contratar serviços jurídicos através de processos de inexigibilidade de licitação, mesmo ciente de que os tipos de contratação efetivados não constavam entre as exceções previstas em lei. As contratações, que custaram cerca de R$ 233 mil ao erário, só poderiam ocorrer para realização de serviços diversos aos da rotina da advocacia e com profissionais de notória especialização, esclarece a promotora de Justiça, destacando que não foi isso que aconteceu, e que o prefeito ainda impregnou os contratos de outros vícios de “extrema gravidade”. José Lourenço Júnior, lembra Ana Rita Rodrigues, chegou a contratar advogados para desenvolver tarefas perfeitamente executáveis pelos procuradores do Município. Além disso, continua ela, o gestor pagou por serviços nunca prestados.
Em Cipó, o prefeito Jailton Ferreira de Macedo ordenou a realização de diversas licitações irregulares. Dentre as irregularidades, foram constatados o descumprimento das formalidades licitatórias exigidas por lei, a dissonância entre os valores reais dos serviços e o proposto por ocasião do certame e violações frontais à legislação penal-administrativa. Segundo a promotora de Justiça, em agosto de 2005, a Prefeitura organizou duas licitações para a aquisição de medicamentos e material cirúrgico, utilizando-se da fragmentação de despesas para “dar vazão a uma burla licitatória”. Os dois contratos firmados por meio da modalidade carta-convite, lembra ela, custaram R$ 135 mil ao Município, “o que exigiria a contratação na modalidade mais rigorosa e possibilitaria a outras empresas participarem do certame”. Ainda em outubro e novembro de 2005, foi organizada nova licitação com a finalidade de manter e conservar as estradas vicinais do Município, no valor de R$ 45 mil, destaca Ana Rita, assinalando que as empresas convidadas para participar da licitação receberam tratamento desigual, o que favoreceu a M.V.J. dos Reis e Cia Ltda, que venceu o certame e acabou levando do Município 20% a mais que o previsto, pois o contrato acabou sendo firmado no valor de R$ 60 mil. Também em 2005, informa a promotora, Jailton Macedo realizou licitação para aquisição de peças de veículos, com convites enviados para apenas duas empresas, enquanto a lei prevê a modalidade convite para, no mínimo, três licitantes.
Alvo de outra denúncia oferecida pelo MP e recebida pelo TJ em novembro de 2009, o prefeito de Novo Horizonte, José Lopes dos Anjos, está sendo acusado agora de ter desviado, em 2006, verba municipal para saldar dívida pessoal contraída durante a campanha eleitoral realizada em 2004. Para isso, afirma a promotora de Justiça, o gestor simulou a doação de material de construção para um cidadão, mediante confecção de processo de pagamento fraudulento, com nota fiscal fornecida por um comerciante do município. José Lopes pagou a dívida contraída para obter apoio político quando disputava o cargo de prefeito com dinheiro público, explica Ana Rita.
Já no município de Pé de Serra, o prefeito Antônio Jorge Rios e o ex-prefeito Hidelfonso Vitório dos Santos nomearam 197 servidores para cargos excedentes. O fato motivou o MP a apresentar denúncia contra eles, que sabiam que Lei Municipal fixou quantidade exata para os cargos públicos.
ASCOM/MP –
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