Autor: Kennedy Alencar-Folha de São Paulo
A instabilidade política começa a ser uma marca deste primeiro ano do governo Dilma Rousseff. O efeito mais danoso é paralisar a ação administrativa ou deixá-la em ritmo de tartaruga.
Dilma fez trocas em quatro ministérios importantes em menos de oito meses de governo. É uma performance ruim. A cada troca de ministro, o presidente de plantão sempre gasta uma energia tremenda para tratar do assunto. Precisa consultar aliados, driblar lobbies por candidatos à vaga e tourear partidos querendo ocupar mais espaço.
Para um primeiro ano de governo, no qual a regra é o presidente ter um cacife político que lhe dá certo sossego na relação com aliados e o Congresso, a gestão Dilma tem atravessado fortes turbulências.
Apesar de ter ficado bem na foto perante a opinião pública com a faxina no Ministério dos Transportes, a extensão da crise com o PR pode corroer esse ganho de imagem. Afinal, já foram mais de 20 demitidos no Ministério dos Transportes. Aliados começam a indagar como era possível a permanência de tanta gente suspeita em área tão importante desde o tempo em que Dilma era a gerente do governo.
Mais: a crise com o PR deixou como herança um Senado mais hostil à presidente.
A articulação política vai mal. O governo quase deixou passar uma CPI. O PMDB está para lá de insatisfeito com o tratamento que recebe da presidente. Sobram problemas numa área nevrálgica.
Lula cometeu o mesmo erro no primeiro ano do seu primeiro mandato. Esnobou os políticos. Evitou articulações necessárias. Deixou acuado o denunciante do mensalão. Dilma vive uma má fase política numa hora em que as nuvens da economia andam carregadas. Não parece uma boa combinação.
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