Das cinzas desta quarta-feira, silenciados os ecos do carnaval, emergem as duas faces do Brasil: o real, com um ano de trabalho duro, do qual há de tirar três a quatro meses para pagar contas, e o oficial, a quem é aportado, além de recursos, o dever de programar e reformar.
Samba de uma nota só. Ambos precisam fortalecer o ânimo- e a um deles, o governo, encarregado de promover o bem comum, cabe organizar a agenda. Foram assumidos a curto prazo sérios compromissos internacionais, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Precisamos de aeroportos estádios modernos, rápidas vias de escoamento, receptivo de bom nível e garantia de segurança.
Passado o carnaval, que costuma formar uma cortina de fumaça sobre os deveres, está na hora de ajustar práticas a discursos. Que Brasil emerge hoje respingado de cinzas? Sabe-se que é o País das necessidades, com fome de investimentos chamado a criar meios políticos que proporcionem prosperidade e bem comum.
Mas é, igualmente, um País de altos dispêndios governamentais, nas esferas federal, estadual e municipal. Enfrenta, neste momento, o nevorsismo do mercado, que não vê clareza nos cortes orçamentários-e sim, da parte do planalto, afirmações contraditórias nesse quesito, para não dizer incongruências. A inflação acuada ousa sair do covil e distender as garras. O consumidor é punido com altas nos alimentos e serviços.
É o País da taxa básica de juros estratosférica. A Selic, terceiro maior índice do mundo, atrás apenas do Paquistão (14%) e Venezuela (18,10%), voltou a subir pela segunda vez consecutiva neste exercício e estaciona, até aqui, em 11,75% ao ano. No entanto, o Brasil precisa de capitalização interna e estimulo a aplicações em projetos produtivos.
É um País, em resumo aguilhoado pela necessidade de gerenciar de perto a política econômica, de maneira a frear o crescimento da inflação. É a sétima economia mundial. Mas, se abrir o flanco, arriscará o patrimônio.
Editorial de ATARDE- Transcrito edição de 09/03/2011
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