A fórmula de disputar com controle da máquina pública tem dado tão certo que, este ano, 233 prefeitos baianos vão tentar a reeleição
Por: Florence Perez
Eleger-se prefeito e garantir oito anos no poder. A fórmula de disputar com controle da máquina pública tem dado tão certo que, este ano, 233 prefeitos baianos vão tentar a reeleição, segundo levantamento do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA). O número corresponde a mais da metade dos municípios do estado (55,8%) e a 88% dos gestores aptos à reeleição – 264, de acordo com levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM).
Tanta disposição tem um motivo: o resultado nas urnas, que é de encher os olhos dos gestores. Segundo o estudo da CNM, em 2000, 288 prefeitos baianos tentaram a reeleição e 166 (57,6%) tiveram sucesso. Em 2004, dos 156 candidatos, 80 (51,3%) tiveram êxito. Na última eleição, a alta: dos 223 que tentaram, 142 (63,6%) conseguiram manter-se no poder.
Para o presidente estadual do PMDB, o deputado federal Lúcio Vieira Lima, ter a máquina por trás facilita a vitória. “Esse prefeito tem orçamento maior e está mais em evidência porque qualquer propaganda que faça de seu governo serve para a sua imagem”, opina. O parlamentar, no entanto, não aprova a reeleição. “O político hoje faz um governo populista, pensando na próxima eleição, e não em reformas profundas. Historicamente, o segundo mandato é pior que o primeiro, porque, como não podem mais concorrer, tendem a fazer menos. Por isso, sou a favor de um mandato mais longo”, pondera.
Já o presidente estadual do PSD, o vice-governador Otto Alencar, diz que arrecadação alta é o maior ingrediente na disputa: “Municípios como São Francisco do Conde, que arrecada mais que 192 municípios juntos, só perde eleição se a burrice for grande”.
Partidos
Na Bahia, partidos da base do governo encabeçam o ranking de prefeitos que buscam reeleição. O PT tenta com 53 gestores, seguido de PSD (50), PP (29) e PMDB (25). Há quatro anos, essas legendas foram campeãs nas urnas. De acordo com a CNM, o PMDB elegeu 533 prefeitos no país – 23,74% do total–, o PSDB, 323 (14,39%); o PP, 216 (9,62%); e o PT, 208 (9,27%).
Os recursos do governo federal por meio de programas também são apontados como grandes responsáveis para o fenômeno. “O volume de recursos federais aumentou para os pequenos municípios. Assim, fica mais fácil gerir a cidade e criar um ambiente de estabilidade política”, sinaliza Jonas Paulo.
“É difícil levantar da cadeira. O prefeito só desiste do segundo mandato se for impedido judicialmente. E com recursos chegando até mesmo em pequenos municípios, alguns prefeitos conseguem tocar a gestão, mesmo com arrecadação baixa”, diz o presidente do PP na Bahia, deputado federal Mário Negromonte.
Mesmo com tantos prefeitos querendo manter-se na cadeira, o número de candidatos à reeleição pode diminuir. Até quarta-feira, a Justiça Eleitoral rejeitou 3.149 candidaturas na Bahia, 64 delas a prefeito.
Fonte: Correio da Bahia
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