Internações por Covid-19 na rede pública do país cresceram 8,75 em 10 dias, mostra levantamento realizado pelo GLOBO a partir de informações das secretarias estaduais de saúde
Raphaela Ramos e Ana Beatriz Moda*
23/02/2021 – 04:30 / Atualizado em 23/02/2021 – 11:23
Ao menos 12 estados brasileiros e o Distrito Federal estão com taxas de internação por Covid-19 acima de 80%, nível considerado crítico. São eles: Acre, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Paraná, Pernambuco, Piauí , Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia e Santa Catarina. E as internações por Covid-19 na rede pública do Brasil cresceram 8,7% em dez dias, segundo levantamento realizado pelo GLOBO, a partir de informações das secretarias estaduais de saúde. São cerca de 28,8 mil pessoas internadas pela doença em leitos de enfermaria e UTI do Sistema Único de Saúde. No dia 12 de fevereiro, eram aproximadamente 26,5 mil internados.
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No Pará, a ocupação é de 78,8%, e em outros três estados o índice está acima de 70%. São Paulo, Amapá e Minas Gerais não informaram a taxa específica dos leitos de Covid-19 da rede pública.
Lígia Bahia, especialista em Saúde Pública da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que a elevada ocupação dos leitos de UTI é como a ponta de um grande iceberg, que nesse caso, representa uma taxa de transmissão do vírus muito alta e seu espalhamento geográfico pelo Brasil.
— É o que estamos falando desde o início, há uma ausência de bloqueio da transmissão. As novas variantes podem ser mais transmissíveis e potencializar o aumento de casos, mas não explicam esse cenário, que é caracterizado pela abertura de atividades não essenciais de maneira caótica. O repique decorre do aumento da circulação e aglomeração, em transportes coletivos lotados, bares, restaurantes, festas, além do uso eventual e incorreto de máscaras — avalia.
Guilherme Werneck, epidemiologista da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), também destaca a transmissão do coronavírus, que “claramente não está controlada”, e tem sido estimulada pelo contato entre as pessoas.
— Nesse período, que vem desde as eleições municipais do ano passado, depois o final do ano com Natal, ano novo e agora esse período de janeiro em que as pessoas ainda estão tendo muito contato, certamente é um grande fator de estímulo à transmissão. Associado ao relaxamento das políticas locais, com governos e municípios buscando liberar atividades sociais e econômicas no início do ano, isso estimula o contato, e, quando ele se dá com maior frequência, principalmente em ambientes fechados, aumenta a transmissão. Do meu ponto de vista, nesse período estamos colhendo os frutos dessas ações de relaxamento — afirma o epidemiologista.
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